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sábado, 27 de fevereiro de 2010

O MELHORAMENTO DA TERRA.



Havia, nos EUA, um diplomata muito atarefado, que estava realizando uma reunião em sua própria residência, quando foi interrompido pelo filho de seis anos:
- Papai, papai, vem brincar comigo?
Ao que o pai redarguiu:
- No momento não posso, pois estou em uma reunião muito importante!
O diplomata confiou a criança aos cuidados de uma babá e deu continuidade à sua reunião.
Não se passaram dez minutos e, novamente, o menino adentra a sala, serelepe, bradando:
- Papai, papai, vem brincar comigo?
O pai, agora contrariado, repreendeu o filho de forma mais dura e explicou mais uma vez que não poderia brincar com ele no momento.
A mesma cena repetiu-se por mais algumas vezes até que o pai teve uma idéia para entreter o filho irrequieto.
Tomou nas mãos uma revista, folheou-a e destacou uma página cuidadosamente escolhida. Nela havia o desenho de um mapa-múndi. O pai despedaçou-a, improvisando um quebra-cabeças e o deu ao filho, dizendo:
- Vamos fazer um acordo! Tome estas peças e monte-as, formando um mapa do mundo. Assim que a tiveres montado, eu irei brincar contigo.
O filho pegou as peças como se fossem um tesouro precioso e saiu em disparada na ansiedade de montá-las logo. O pai, agora mais tranqüilo, voltou-se aos seus pares e informou:
- Meu filho, em função de sua tenra idade, não possui conhecimentos geográficos suficientes para montar um mapa-múndi. O quebra-cabeças que fiz vai ocupá-lo por um bom tempo. Agora podemos continuar nossa reunião sem sermos mais interrompidos.
Todavia, após cinco minutos, o menino invade abruptamente a sala, gritando:
- Papai, papai, vem brincar comigo?
O pai, exaltado, responde:
- Pois eu não lhe disse que só iria brincar com você depois que montasse o quebra-cabeças do mapa-múndi?
O filho, não cabendo em si de contente, disse:
- Ah, papai, eu já montei o quebra-cabeças, agora vem brincar comigo!!!
O pai, boquiaberto, examinou o quebra-cabeças precisamente montado e perguntou a babá se ela não o havia auxiliado. Ela respondeu que não. Voltou-se para o filho e perguntou:
- Como você fez para montar o mapa sem conhecimentos de geografia e cartografia?
O filho respondeu:
- Ah, pai! Foi muito fácil. Do outro lado da página da revista havia a figura de um homem. Então eu consertei o homem e, daí, eu consertei o mundo!
Surpreendido com a argúcia e inteligência do filho, o pai interrompeu naquele mesmo instante a reunião e foi brincar com ele.
***
Eixo central nas propostas espiritistas, o melhoramento do homem é entendido como ponto de partida para o melhoramento do mundo, o que a história acima exemplifica muito bem.
Sonho muito antigo, o paraíso terrestre parece não ser mais do que isto, um mero sonho, pois muito pouco se tem feito para concretizá-lo.
Anacoretas e missionários, políticos e revolucionários, profetas e sábios, tentaram implantá-lo das mais diversas formas... Acho que é desnecessário dizer que não conseguiram.
Da República, de Platão, ao Adimrável Mundo Novo, de Huxley, surgiram e se multiplicaram as mais fantásticas propostas e descrições de um mundo ideal... Todas elas ineficazes.
Embora pareça simplista, a verdade é que todas as reformas implementadas no mundo não tiveram êxito porque partiram de fora para dentro e não de dentro para fora, como deveriam.
As sociedades estão cheias de leis, impostas para garantir o seu bom funcionamento. Entretanto, é sabido que elas são insuficientes e falhas, havendo sempre quem as burle e desrespeite.
Muitos modelos de sociedade que foram impostos em alguns países como solução final às suas mazelas, fracassaram por completo, acarretando conseqüências desastrosas à sua organização política, econômica, cultura, etc.
Preocupado com esta questão, Allan Kardec interrogou os Espíritos sobre a possibilidade de jamais implantar-se na Terra o reinado do bem, ao que responderam de forma clara e lúcida:
“O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.
“Predita foi a transformação da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se dará, momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso. Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus, que a morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados, desempenhar missões penosas, trabalhando pelo seu próprio adiantamento, ao mesmo tempo que trabalharão pelo de seus irmãos mais atrasados. Neste banimento de Espíritos da Terra transformada, não percebeis a sublime alegoria do Paraíso perdido e, na vinda do homem para a Terra em semelhantes condições, trazendo em si o gérmen de suas paixões e os vestígios da sua inferioridade primitiva, não descobris a não menos sublime alegoria do pecado original? Considerado deste ponto de vista, o pecado original se prende à natureza ainda imperfeita do homem que, assim, só é responsável por si mesmo, pelas suas próprias faltas e não pelas de seus pais.
“Todos vós, homens de fé e de boa-vontade, trabalhai, portanto, com ânimo e zelo na grande obra da regeneração, que colhereis pelo cêntuplo o grão que houverdes semeado. Ai dos que fecham os olhos à luz! Preparam para si mesmos longos séculos de trevas e decepções. Ai dos que fazem dos bens deste mundo a fonte de todas as suas alegrias! Terão que sofrer privações muito mais numerosas do que os gozos de que desfrutaram! Ai, sobretudo, dos egoístas! Não acharão quem os ajude a carregar o fardo de suas misérias[1].”
Da resposta dada pelos Espíritos podemos deduzir o seguinte:
1) A Terra melhora na medida diretamente proporcional  da encarnação de Espíritos melhores;
2) O Espírito melhora, quando progride moralmente, praticando as leis de Deus;
3) A transformação da Terra correrá através do surgimento de uma nova geração, constituída por Espíritos que se adiantaram através de seus trabalhos, estudos e sacrifícios;
4) A Terra, no futuro, comportará apenas Espíritos melhorados;
5) Aqueles que não se adaptarem à nova realidade serão degredados para mundos menos evoluídos, tal qual aconteceu à Terra nos primórdios da sua civilização, albergando grandes contingentes de Espíritos degredados de outros sistemas planetários que haviam estacionado em seu desenvolvimento;
6) O mito do Paraíso Perdido representa uma alegoria que caracteriza a queda dos Espíritos de um mundo mais desenvolvido para outro menos desenvolvido. Vale frisar que a evolução é sempre progressiva e jamais retrograda. Assim, os Espíritos que são degredados apenas estacionam em seu desenvolvimento, nunca retrocedem, isto não existe;
7) O mito do Pecado Original também é facilmente explicado pela pluralidade dos mundos e existências, pois cada um é herdeiro de si mesmo, carregando para onde quer que vá os seus defeitos e virtudes;
8) Os Espíritos, esclarecem ainda, que vivemos num tempo muito importante,  e que, por isso, precisamos trabalhar ativamente para contribuir com a melhoria do mundo, começando com a nossa própria melhoria.
À guisa de conclusão pode-se afirmar que:
Para que a Terra melhore, portanto, é indispensável que os seus habitantes melhorem também!



[1]    KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, FEB. Questão 1119, p.475-476.

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