Pensamento...

"Eu sou o Colombo da minha alma e diariamente descubro nela novas regiões." | Gibran Khalil Gibran.

Buscadores espirituais...


 

quarta-feira, 31 de março de 2010

SER HUMILDE...



Um dos companheiros mais constantes que tenho, por dirimir muitas dúvidas que possuo, o Dicionário Aurélio, define humildade como sendo uma “(...) virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza”. Vale a pena confrontar o entendimento que temos do que é humildade e a definição proposta pelo famoso dicionário. Caso a noção de humildade que tenhamos seja outra, importa refletir mais à respeito.
Para a grande maioria, ser humilde é...
...baixar a cabeça para tudo e para todos;
...comportar-se como um coitadinho, demonstrando uma fragilidade que nem sempre é real;
...julgar-se inferior às demais pessoas;
...acreditar não ser merecedor do auxílio de Deus nem de ninguém, o que parece mais orgulho do que qualquer outra coisa;
...da mesma forma, considerar-se incapaz de servir e ajudar alguém, pretextando ser muito pequeno, pobre de espírito;
...encerrar-se sobre si mesmo, conforme faz a lesma, vivendo de rastos sobre o chão.
Mas será que a humildade se caracteriza por uma dessas descrições?
Cada qual decida por si!
O Dicionário Aurélio, no entanto, é bem claro, humildade é uma “virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza”. Este sentido, dado à palavra humildade, exclui todos os outros citados acima, por uma questão de incompatibilidade léxica.
Sentir, perceber, compreender a minha fraqueza, não implica em viver como se estivesse carregando o mundo e as suas dores sobre as costas.
Se a humildade nos dá consciência sobre a nossa fraqueza, os nossos pontos de vulnerabilidade, os nossos defeitos, em contrapartida, também o dá da nossa força, dos nossos potenciais, das nossas qualidades...
Se alguém me pedisse uma definição pessoal de humildade, ainda que em harmonia com a do Dicionário, eu diria que ser humilde é...
...ser apenas o que se é, nem mais nem menos!
O pequeno que se faz grande, não é humilde, porque está em desacordo com a sua realidade.
O grande que se faz pequeno, acreditando estar sendo humilde desta maneira, incorre no mesmo erro.
Toda vez que nos afastamos da nossa essência, de como somos de fato, estamos nos afastando na mesma proporção da humildade, aparentando ser algo que na verdade não somos.
Jesus, o melhor exemplo em tudo, não se agigantou perante os pequenos, diminuindo-os, nem muito menos se apequenou perante os gigantes, humilhando-se, por ser sempre o mesmo em todos as circunstâncias.
Jesus foi sempre o mesmo, é imperioso repetir...
...foi o mesmo na presença dos pescadores, como na presença dos sábios do Templo;
...foi o mesmo na companhia de Maria Madalena, como na companhia de Pôncio Pilatos;
...foi o mesmo na gloriosa entrada em Jerusalém, como na ignominiosa morte na cruz.
Mas nisso, como em tudo, estamos longe dos ensinos e exemplos de Jesus, preferindo a mentira ao invés da verdade, a ilusão ao invés da realidade, manifestando atitudes e comportamentos que não correspondem à nossa identidade, ao que somos.
Ser humilde é ser apenas o que se é, nem mais nem menos!

terça-feira, 30 de março de 2010

SOL DIVINO


Oh, Jesus, Sol Divino,
Engastado na Amplidão,
Brilha em minha vida,
Dissipando a escuridão!

Ouve minha prece, singelo hino,
Reclamando força e proteção,
A fim de que não seja repetida
Minha queda frente à tentação!

Corrige, pois, o meu destino,
Instalando-Te em meu coração,
Que eu te ofereço por guarida,
Cheio de alegria e de emoção!

segunda-feira, 29 de março de 2010

JENNY COCKELL - UMA SURPREENDENTE HISTÓRIA DE AMOR

Mary morreu aos 21 anos antes do meu nascimento, mas as memórias de sua vida e de seu tempo sempre fizeram parte de mim, moldando de maneira decisiva a pessoa que me tornei. Este é o relato da minha busca pelos filhos de Mary e por auto-entendimento. Ao pesquisar o passado, tive de desenterrar e enfrentar os meus sentimentos de inadequação e medo, descobrindo suas motivações. Sabia que precisava encontrar os meus filhos de 'ontem' ou minha vida sempre seria ofuscada pelas lembranças de um passado de tristeza, raiva e perda. De certo modo, este livro foi escrito para e por causa dos filhos de Mary1.
Com as afirmações acima, Jenny Cockell inicia o relato das suas lembranças de uma vida anterior, Minha Vida em Outra Vida. Embora este tipo de relato tenha se tornado muito comum, sendo facilmente encontrado vários títulos à respeito, o de Jenny Cockell é diferente, constituindo uma das mais sólidas evidências em favor da realidade do fenômeno reencarnatório. O leitor mais cético, ao lê-lo, ficará no mínimo intrigado com a riqueza de detalhes, informações e dados apresentados.
Nascida em 1953 na Inglaterra, no seio de uma família não muito religiosa, desde a infância Jenny Cockell vivia dividida entre a vida atual e a passada. Tinha um sonho recorrente, que sempre a conduzia às lágrimas: estava num hospital, sozinha, agonizante. Sabia que o seu nome era Mary e que iria morrer. Dominava-a, não o temor da morte, mas a angústia e o desespero por estar deixando, contra a sua vontade, oito filhos ao léu, sem o suporte e a orientação necessárias.
Este sonho, ao lado de lembranças fragmentárias que surgiam no estado de vigília, fizeram parte do quotidiano de Jenny Cockell, influenciando profundamente o seu desenvolvimento psicológico, emocional e social.
Mas, afinal, quem era aquela mulher, chamada Mary? Será que era este mesmo o nome dela? O que ela tinha a ver com Jenny? Por que o mesmo sonho sempre se repetia? Por que parecia sentir a mesma aflição que Mary sentia? Como explicar que também se julgasse de algum modo responsável pelo destino dos filhos de Mary?

Um curioso quebra-cabeças...

Grande parte das minhas memórias vinha em fragmentos isolados e, às vezes, tinha dificuldade de dar um sentido a elas. Mas outras partes eram bastante completas e repletas de detalhes. Era como um quebra-cabeça com certas peças apagadas, outras fora de lugar e algumas bem nítidas e fáceis de encaixar. Os filhos ocupavam a maior parte das minhas memórias, assim como o chalé e sua localização. Outros locais e pessoas não eram tão nítidos para mim2.”
As nossas lembranças normalmente desafiam a lógica, sendo muito difícil entender por que lembramos disto e não daquilo. As lembranças da infância quase sempre assomam de forma desordenada, sem obedecer a nenhuma cronologia. Nós lembramos, frequentemente, de algo que foi emocionalmente significativo para nós. Ocorre o mesmo com as lembranças de vidas passadas.
É excelente a forma como Jenny Cockell categoriza as suas lembranças, comparando-as a um quebra-cabeça “ (…) com certas peças apagadas, outras fora de lugar e algumas bem nítidas e fáceis de encaixar”. A montagem deste quebra-cabeça parece ter sido a sua missão na vida atual.
Entre as lembranças que tinha destacava-se a do chalé em que morava com o marido e os filhos. Nele desenrolou-se a conturbada e curta vida de Mary. A lembrança era tão nítida que Jenny foi capaz de fazer uma precisa descrição dele e até mesmo esboçar um mapa com a sua localização. Lembrava, também, com muita clareza do vilarejo em que vivia e das suas ocupações diárias. Contudo, o objeto central das suas recordações, como não poderia deixar de ser, era a preocupação com os filhos.
Mary casara-se cedo com um forasteiro, um ex-combatente da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que logo se demonstrou soturno e agressivo. Sua vida não era fácil. Miserável talvez fosse o melhor qualificativo para caracterizá-la. Muitas vezes Mary e os filhos passaram fome...

Algumas lembranças precisas...

Havia algumas certezas ligadas às lembranças das pessoas, dos lugares e das emoções. Sempre soube que o período no qual Mary viveu se estendia de 1898 a 1930. Também sabia que ela vivera na Irlanda. Não posso explicar por que ou como esse conhecimento estava, de algum modo, presente em minha mente. De certa maneira, essa lembrança me causava problemas. Por exemplo, meus irmãos, conscientes de minhas preferências, sabiam que eu só brincaria de soldado se me deixassem defender a Irlanda3.”
Impressiona a minudência e a precisão das lembranças de Jenny Cockell. No trecho acima destacado ela revela o período em que Mary teria vivido, entre 1898 e 1930, bem como o lugar, em alguma parte da Irlanda. Não obstante não saber explicar de onde advinha semelhante certeza, as verificações que mais tarde foram feitas provaram que elas estavam mais do que certas.
Numa análise retrospectiva, Jenny Cockell compreendia muito bem o impacto que as suas lembranças tiveram na vida atual, desde tenra idade, determinando comportamentos, predileções e atitudes.
O fato das suas lembranças serem tão vívidas talvez se deva ao forte componente emocional que elas veiculam. A dor da separação dos filhos deve ter sido tão intensa, a angústia por deixá-los sozinhos no mundo tão grande, o sentimento de culpa acentuado por não conseguir vencer a morte para atendê-los conforme precisavam, possivelmente exerceram a função de catalizadores destas lembranças em Jenny Cockell.
Só mesmo a preocupação e amor de uma mãe para superar até os limites impostos pela morte...

Normalidade das lembranças.

Eu não tinha nenhum motivo para duvidar que essas lembranças eram reais. Pensava que lembranças desse tipo eram comuns e, por isso, esperava que outras pessoas as tivessem também4.”
Infelizmente, não temos por hábito considerar cada um na realidade que lhe é própria. O que é normal para mim talvez não o seja para outro e vice-versa. Mas isso não significa que eu ou o outro sejamos anormais, apenas que somos diferentes, contextualizados em nossas experiências, habilidades, conhecimentos e conquistas interiores. Foi assim com Jenny...
Acreditando que todos se lembravam da vida anterior, Jenny Cockell demorou um pouco em entender a sua singularidade.
Recordava de um diálogo que tivera com sua mãe, quando contava apenas quatro anos de idade. Regressava da escolinha dominical e sua mãe lhe perguntou se havia gostado, ao que ela respondeu afirmativamente, manifestando, entretanto, um certo estranhamento. Não conseguia entender por que num lugar em que se falava tanto da vida e da morte, não se falava também das vidas passadas! A mãe de Jenny ficou chocada com a indagação da filha, pois ninguém na família era reencarnacionista, nem sequer a reencarnação era assunto em suas conversações. A mãe relutou muito tempo em aceitar as lembranças estranhas que a filha possuía...
Ali, naquele diálogo franco e desembaraçado com a mãe, Jenny Cockell descobriu “(...) que a reencarnação era vista como uma crença, não um fato5.”
Até hoje a maioria das pessoas encara a reencarnação como uma crença partilhada por algumas religiões e pessoa, não como uma realidade biológica, à qual todos estamos submetidos, aceitando ou não.

Influências do passado...

Ao longo desses anos de relacionamentos desastrosos, sendo que o último se desgastara tanto que me deixou traumatizada, sempre tentei me lembrar da relação de Mary com seu marido, se era boa ou não. No início fora fácil me recordar dele, um homem bonito e imponente que surgira na vida de Mary logo após o término da I Guerra Mundial [...]6.”
O nosso passado espiritual interfere diretamente sobre nossa existência atual. As primeiras relações amorosas de Jenny Cockell, por exemplo, foram conturbadas, refletindo o padrão negativo gerado no relacionamento pregresso de Mary com o esposo. Por sofrer-lhe repetidas agressões, Mary fechava-se em si mesma, como um caracol, tendo muito medo e dificuldade de expressar seus sentimentos de uma forma aberta.
Esta característica negativa do passado persistiu por longos anos, até que Jenny se deu conta da mesma e passou a trabalhá-la em seu mundo íntimo. Depois de algum tempo, encontrou um companheiro que a completava, casando-se com ele e tendo dois filhos.

Nada se perde...

Sempre quis ter filhos, por isso passei muitos anos fazendo roupas para eles antes mesmo de nascerem. Costurar roupas, que na minha vida atual descobrira ser uma habilidade instintiva, aparecia frequentemente como parte da memória de Mary. E, por alguma razão, o casaco do garoto mais novo permanece na minha mente, talvez porque ele mexia na bainha quando andava. Era um casaco de lã e me lembro de tê-lo costurado a mão, aproveitando o tecido de um velho casaco. Um sentimento de orgulho pela qualidade do meu trabalho também faz parte desta lembrança7.”
É surpreendente o encadeamento lógico entre as vidas de Mary e de Jenny. Uma mesma alma, mas com muitas vidas. A continuidade, não só das lembranças, mas também de características e habilidades de Mary em Jenny, oferecem um demonstrativo da interdependência e solidariedade que há nas vidas sucessivas.
A ansiedade e o desejo de Jenny por filhos era ao mesmo tempo a ansiedade e o desejo de Mary pelos seus.
Jenny recordava-se que Mary era uma exímia costureira, lembrando especificamente de um casaco que fizera para o filho mais novo. Sem aprendizagem prévia, desde pequena, Jenny demonstrou intimidade com a agulha e as linhas, habilidade que constituía herança da existência anterior.
Da mesma forma nós, no âmbito das nossas tendências e pendores, revelamos a ação das experiências pregressas, adquiridas nas vidas passadas.

Os filhos desta vida.

A obsessão pela minha vida passada, apesar de não ocupar mais o primeiro plano, não foi deixada de lado. Ela estava esperando o tempo certo para emergir novamente e foi retornando aos poucos. Conforme meus filhos cresciam e a força do meu sentimento materno era nutrida pelo amor deles, aumentava também a necessidade de encontrar a minha família da outra vida. Aquelas crianças tinham sido privadas ainda na infância daquilo que os meus filhos estavam desfrutando agora, por isso sentia que tinha que fazer algo a respeito. Parecia não ser mera coincidência o fato de a minha necessidade de busca pela vida passada se intensificar conforme me aproximava da idade com que Mary morreu, trinta e poucos anos [...]8.”
Ao tornar-se mãe, a ansiedade de Jenny diminui, assim como as lembranças da vida anterior. Contudo, a medida que o tempo passava, elas voltaram a se manifestar, agora com uma intensidade quase insuportável. Foi uma fase muito difícil para ela.
Jenny Cockel chama a atenção para o fato de que a intensificação das lembranças ocorria justo quando estava entrando na casa dos trinta anos, a mesma idade que Mary tinha quando morreu. São mais do que curiosas essas relações temporais. A vida de Jenny, conquanto diferente, seguia paralelamente a de Mary.
Enquanto não encontrasse os filhos da vida passada, Jenny sabia que não teria paz dentro si.

Sessões hipnóticas.

A hipnose é uma experiência estranha mesmo quando não há regressão. Todas as lembranças que ficaram escondidas no subconsciente e às quais não tinha acesso vêem à tona. É uma faca de dois gumes: uma experiência ao mesmo tempo maravilhosa e perturbadora. Algumas das memórias que as pessoas escondem no fundo de suas mentes estão lá por uma boa razão. Talvez essas sejam as lembranças que elas se sentem incapazes ou não têm coragem de enfrentar, e que foram escondidas como uma forma de autoproteção. Ao revelarmos e expormos qualquer uma de nossas memórias profundas, somos forçados a olhar de novo tanto para as lembranças esquecidas como para as reprimidas9.”
Por estar angustiada e aflita em função das suas lembranças, Jenny Cockell aceitou o conselho de uma amiga e buscou o concurso se um hipnoterapeuta, recorrendo à regressão para resolver o seu drama particular, obtendo maiores informações sobre a vida de Mary.
Várias sessões hipnóticas transcorreram e tiveram o efeito desejado, desencadeando um turbilhão de lembranças da vida anterior.
Com o material recolhido das regressões e das lembranças espontâneas, Jenny Cockel deu início a grande busca, nesta vida, dos filhos da vida anterior. Era a sua odisséia pessoal.
Acreditava que o vilarejo em que vivera era Malahide, localizado próximo a Dublin, na costa leste da Irlanda.
Após corresponder-se com alguns moradores da localidade, fez uma viagem até lá, confirmando a autenticidade das suas lembranças.
O quebra-cabeça começava a mostrar contornos mais nítidos...

Notícias alvissareiras...

Jenny Cockell escreveu várias cartas para os moradores daquela localidade, indagando sobre uma mulher, provavelmente chamada Mary, que teria vivido num chalé (deu a sua localização), possuindo oito filhos, tendo morrido na década de 30...
Para sua surpresa, uma de suas cartas foi respondida pelo Senhor Mahon, que lhe escreveu:
Quanto à mãe que faleceu na década de 1930, chamava-se senhora SUTTON. Acredito que o seu esposo era um soldado britânico que lutou na Primeira Guerra. Após sua morte, os filhos foram enviados para orfanatos. Posteriormente, a filha mais velha Mary voltou para casa. Acredito que o marido retornou ao Reino Unido, a fim de treinar soldados para Segunda Guerra. As crianças foram educadas em escolas católicas, mas talvez o pai pertencesse à Igreja da Irlanda10.”
Jenny não coube em si de tanto contentamento, sua busca rendera os primeiros resultados significativos.
Munida dos dados fornecidos pelo Sr. Mahon, obteve o nome e a data de nascimento dos filhos de Mary:
Mary (?)
Sonny (1919)
Jeffrey (1923).
Philomena (1925).
Christopher (1926).
Francis (1928).
Bridget (1929).
Elizabeth (1932).
Pesquisando o endereço em listas telefônicas, pelo sobrenome, escreveu para várias pessoas, na expectativa que alguma delas tivesse notícia sobre o paradeiro dos filhos de Mary.

Um telefonema inesperado...

Certo dia, depois de ter chegado em casa do trabalho, Jenny Cockell foi agradavelmente surpreendida por uma ligação. Era de um dos seus filhos, Jeffrey.
Apesar de certa confusão do outro lado da linha, revelou-me vários detalhes sobre a família e me deu os endereços e números de telefones de dois dos irmãos, Sonny e Francis (Frank). Os garotos, Sonny, Jeffrey, Christopher e Frank, tinham se encontrado anos antes, mas o paradeiro das filhas era desconhecido. As garotas foram enviadas a um orfanato diferente, uma escola de freiras na verdade, e tinham perdido contato com os irmãos11.”
Momento constrangedor para Jenny, quando Jeffrey perguntou como ela sabia tanto da família dele e qual era a ligação com ela. Como Jenny explicaria as lembranças da vida anterior? Como diria para um homem que poderia ser o seu pai que ela, na verdade, era a sua mãe reencarnada? Jenny apenas conseguiu dizer que lembrava da família através de sonhos. Jeffrey demonstrou grande reserva e ceticismo ante aquela revelação e custou a entrar em contato de novo.

A conversa com Sonny.

Na terça-feria, 15 de maio de 1990, tomei coragem e liguei para ele. Quando Sonny atendeu, ouvi uma voz suave com forte resquício de um sotaque do sul da Irlanda. Lembrara dele como uma criança direta e franca, portanto, sabia que precisava ser bem sucinta sobre quem era e por que estava ligando. Isso não foi fácil, mas expliquei que lembrara da família através de sonhos, falando rapidamente do chalé e que este era o primeiro à esquerda […]. Esse homem de 71 anos, nascido em 1919, rapidamente captou a mensagem do que tentava explicar. Ele confirmou logo de cara que a posição do chalé estava correta. Fiquei emocionada. Era algo que não tinha sido capaz de confirmar até aquele momento12.”
A conversa de Jenny com Sonny foi muito proveitosa. Sonny demonstrou maior abertura do que Jeffrey para aceitar as lembranças de Jenny. Conversaram longamente...
Jenny contou coisas que lembrava da infância de Sonny e o deixou boquiaberto, pois não entendia como alguém que nunca tivera contato com ele, pudesse ter informações tão particulares e precisas a seu respeito. Em especial, ela lembrava de um dia em que Sonny trouxera para casa, em uma armadilha, uma lebre que ainda estava viva... Foi um dia de alegria e de fartura para toda a família de Mary. Este relato comoveu profundamente Sonny, pois não era conhecido de mais ninguém, apenas dele, dos irmãos e da mãe.
Jenny descobriu que após sua morte, os filhos, por impossibilidade de serem criados pelo pai, foram recolhidos em orfanatos, os meninos sendo separados das meninas.
Os meninos mantiveram contato entre si, ainda que esporádico, mas nunca mais souberam das irmãs.
A partir do contato feito por Jenny, entretanto, foi possível localizar as demais irmãs.
Estava cumprida a missão de Jenny Cockell, uma vez que conseguira reunir em torno de si, os filhos da outra vida, reatando laços que nem o tempo, nem a morte, foram capazes de extinguir.
Por isso mesmo, a história de Jenny Cockell pode ser definida, sem contradita, como uma surpreendente história de amor, de um amor transcendente de uma mãe pelos seus filhos...


________________________________________
1COCKELL, Jenny. Minha Vida em Outra Vida. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2007. p.9.
2Idem, p.18.
3Idem, p.22.
4Idem, p.25.
5Idem, p.26.
6Idem, p.35.
7Idem, p.38.
8Idem, p.40-41.
9Idem, p.55.
10Idem, p.127-128.
11Idem, p.151.
12Idem, p.155.

sábado, 27 de março de 2010

FAMÍLIA MUSZKAT - GLOBO REPÓRTER




No Globo Repórter de 26/03/2010, sobre o famoso médium Francisco Cândido Xavier, destaca-se, entre outras matérias, a das cartas endereçadas à família Muszkat, seguidora do Judaísmo. Estas cartas seriam de Roberto, primeiro filho do casal, morto em função de complicações pós-cirúrgicas.
Evidenciando a continuidade da vida depois da morte, as cartas constituem preciosa fonte de consolação para a família, pois identifica nelas a sobrevivência inquestionável do ente querido.
Isto torna claro que a imortalidade e a comunicabilidade com os Espíritos são fenômenos universais e que vão muito além das denominações religiosas.
As cartas de Roberto mostram, também, que o diálogo inter-religioso é possível e necessário. Através de um médium espírita, a família judaica encontrou forças para superar a dor da perda, seguindo adiante, sem abandonar as suas convicções religiosas.
Segue abaixo a transcrição da matéria e que foi retirada do site da Globo[1]
"Fé, crença no espiritismo ou uma questão de confiança? Chico Xavier ganhou respeito e superou barreiras em várias religiões. Foi assim com a família Muszkat, uma típica família judia, numerosa e extremamente religiosa.
Moradores de São Paulo, todas as sextas-feiras, eles se reúnem para celebrar o shabat, o sábado judeu, dia de descanso e orações. Mas um drama familiar os aproximou de forma profunda a Chico Xavier. “Eu rotulo ele como o melhor homem que eu conheci aqui embaixo”, afirma o médico David Muszkat.
“O Chico Xavier junto com meus filhos e meu marido me deram o alicerce para que eu pudesse me manter em pé e continuar a viver”, revela a instrumentadora cirúrgica Sonia Muszkat.
A morte inesperada do filho primogênito, Roberto, há 31 anos abalou intensamente a família. Aos 19 anos, ele fez uma cirurgia de desvio de septo e sofreu um choque anafilático, uma reação alérgica súbita, com os medicamentos pós-cirúrgicos, e não resistiu.
“A morte do meu filho realmente foi o fim do mundo e é o fim do mundo até hoje. Faz 31 anos que meu filho desencarnou e parece que foi ontem”, afirma Sonia.
O desespero e uma forte depressão levaram o casal a aceitar a sugestão de amigos para um encontro com Chico Xavier, mas a desconfiança no início era grande.
“No primeiro contato, ele me deu a mão, beijou a minha mão e falou assim: ‘Dr. David, a morte não existe’. Aí, eu falei: ‘como não existe a morte? Enterrei meu filho faz um ou dois meses’”, conta o médico.
Quando as cartas de Roberto começaram a chegar, veio a surpresa: lá estavam detalhes que só a família poderia saber. Inclusive palavras em hebraico, idioma que Chico não conhecia.
“Eu não sabia mais nada. A minha alegria foi muito grande. Eu tive uma prova de que meu filho estava realmente vivo, pela mensagem que ele mandou. São coisas que o Chico não sabia, porque eu não era amiga do Chico Xavier”, afirma Sonia.
O marido demorou a se convencer. “Eu lia aquilo várias vezes até que começou a vir coisas lá que não tinha como eu contestar, porque só eu podia saber disso”, lembra o Dr. David.
Ao todo, foram 54 mensagens psicografadas por Chico Xavier, mas a devoção ao médium não abalou as convicções religiosas da família. “Eu não deixei de ser judeu”, declara o médico. “Vou à sinagoga, respeito as nossas tradições”, diz Sonia.
Independente de crença ou religião, Chico Xavier conquistou um lugar especial nessa família. “Eu tenho um respeito danado pelo Chico Xavier”, afirma David.
“Eu tenho seis filhos. No meu coração, tem seis lugares, mais o sétimo que é do meu marido e tem o oitavo que é o Chico. Então, no meu coração, ele está sempre presente”, afirma Sonia."
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[1](http://g1.globo.com/globoreporter/0,,MUL1547014-16619,00-FAMILIA+JUDIA+RECORRE+A+CHICO+PARA+TER+NOTICIAS+DO+FILHO+MORTO.html)

quinta-feira, 25 de março de 2010

CRIME E REPARAÇÃO



Com ciúmes de Maria,
Por uma simples conversação,
Lucas se enraiveceu
E tirou a vida de João.

Passando para a outra vida
Mergulha em perturbação,
Arrependido então chora
Desejando reparação.

Deus, tomado de misericórdia,
Permite a reencarnação,
Agora, Lucas, João e Maria
Estão em nova posição.

Maria encarnou primeiro,
Cheia de amor e compreensão.
Mais tarde, na condição de mãe,
Teve os gêmeos Lucas e João.

Ao longo da infância
Era só briga e confusão,
Pareciam gato e rato
Em constante dissensão.

Mas o destino quis uní-los,
Objetivando a reabilitação,
Promovendo a paz e o equilíbrio
Dentro de cada coração.

Certo dia, já adultos,
Surpreendidos por um ladrão,
Escapa do revólver um tiro,
Mas Lucas protege João.

Terrível fatalidade,
Lucas é ferido no coração,
Ali mesmo, tomba caído,
Morrendo nos braços do irmão.

Voltando para a Espiritualidade,
Em sua nova condição,
Lucas traz a consciência tranquila
Por ter alcançado a redenção!

Muitos anos depois,
Sentindo sublime emoção,
Ocorre o reencontro de todos
À caminho da perfeição!

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