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"Eu sou o Colombo da minha alma e diariamente descubro nela novas regiões." | Gibran Khalil Gibran.

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sábado, 17 de abril de 2010

UM DIA COM O MESTRE - PARTE III


III – O Mestre esclarece o que estamos fazendo aqui

Na primeira hora da tarde, o Mestre se predispôs a continuar o encontro de esclarecimento.
Elevou o pensamento ao Mais Alto, em sentida prece, exorando as bênçãos divinas para todos.
Logo em seguida, o Mestre passou a ensinar:
- Queridos irmãos, penetrando o ádito das vossas consciências, identifico um sem número de inquietações e angústias. Todos, diariamente, convivem com a presença indesejável da dor, que imiscui-se nos escaninhos da vida. Paira sobre cada um de vós o desejo insopitável de se libertar das dificuldades, por enxergar nelas o entrave à felicidade. Advirto-vos! É uma maneira equivocada de encarar as coisas, pois tudo, desde o grão de areia até a estrela mais brilhante, possui a sua razão de ser. Assim é a dor, o sofrimento, a inquietação, a angústia, a dificuldade... Atendem a uma determinada necessidade que, na maioria das vezes, tem origem em vosso mundo íntimo. Revelam um aspecto ignorado da vossa intimidade reclamando atenção, trabalho, modificação, melhoramento... Por isso, reiteradas vezes, tenho recomendado paciência e resignação perante as situações adversas.
- Mas Mestre, - interpelou Thiago – acaso a Divindade nos colocou no mundo para sofrer?
- Evidente que não, Thiago – ripostou o Mestre – Deus vos colocou no mundo com o mesmo objetivo que o lavrador deita a semente no solo: para desenvolver-se, crescer, amadurecer e dar frutos. A semente, para cumprir sua finalidade, enfrenta a escuridão do buraco em que foi posta, a pressão da terra, a morte de si mesma para que o broto surja, a fragilidade inicial, a ameaça de pragas, os rigores do tempo, etc., até concluir seu ciclo natural. Poucos, no entanto, se dão conta do imenso caminho, cheio de obstáculos e dificuldades, que vai de uma simples semente até o seu fruto. Guardadas as proporções, vós sois como uma semente, para cumprir sua finalidade, enfrentais a escuridão do desconhecido, a pressão da sobrevivência, a morte das ilusões, a fragilidade do caráter, a ameaça das quedas sucessivas, os rigores do trabalho exaustivo, a dor, o sofrimento, a inquietação, a angústia, as dificuldades, etc., até concluirdes vosso ciclo natural. Quase ninguém se dá conta disto! As condições adversas da vida, eu teimo em insistir, são indispensáveis para o crescimento.
- Mas não há – tornou a se manifestar Thiago – uma maneira de viver na Terra sem sofrer?
- Thiago! - disse o Mestre – Conheceis alguém que não tenha sofrido em sua vida?
Após pensar alguns minutos, Thiago respondeu:
- De fato, nunca conheci ninguém que não tenha sofrido!
O Mestre deteve seu olhar amoroso em Thiago e continuou:
- Em verdade vos digo que a dor e o sofrimento são características comuns dos planos existenciais limitados quais a Terra. Onde há ignorância, maldade e medo, também há dor e sofrimento!
- Mestre! – perguntou Thiago – Não haveria da parte de Deus injustiça ou, talvez, negligência, em deixar as suas criaturas sujeitas a toda sorte de misérias e dores?
- Thiago, Thiago! Não blasfemeis - afirmou o Mestre com firmeza – Quantas vezes será necessário dizer que os planos de Deus não contém erros? Que são precisos em suas minúcias e especificidades? Não há injustiça, muito menos negligência, da parte de Deus em relação às suas criaturas. Em tudo vige a sua providência e misericórdia. Nenhuma lágrima tomba da vista em vão! Todos vós sois seres comprometidos com a consciência. Eu vejo muito além... Sob os corpos carnais da vida atual, percebo seres falidos em suas experiências anteriores, adúlteros, assassinos, criminosos em geral... Não vos lembrais de nada disto, por efeito da misericórdia divina, pois a lembrança constante dos vossos erros de antanho vos prejudicaria a corrigenda e talvez atravancasse o vosso avanço. Assim, quando sofreis, na maioria das vezes, este sofrimento nada mais é do que a consequência dos erros cometidos em outras vidas.
- Não existe – interpelou novamente Thiago – uma forma de minorar a dor e o sofrimento, tornando a vida mais amena e feliz?
Esclareceu o Mestre:
- Isto é bem outra coisa. Grandes Missionários têm vindo ao vosso encontro, por ordem de Deus, revelar as sublimes leis que regem a vida. Nada mais fazem do que concitar a todos à sua observância e obediência. Pois bem, eu vos digo que aquele que conhece as leis divinas e vive de acordo com elas experimentará, ainda na Terra, as bem-aventuranças que vos tenho anunciado. A felicidade, que é um estado interior do indivíduo, está diretamente relacionada a uma conduta reta, à pratica do bem, ao exercício da caridade, enfim, à vivência das mais nobres e sacrossantas virtudes. De modo que quem obra no bem, mesmo experimentando dor ou sofrimento, sente-se, de alguma maneira, feliz! Vede os profetas. Quantos deles foram ultrajados, perseguidos e mortos, mas em seu íntimo estavam felizes, porque viviam de acordo com as leis soberanas da Divindade.
Interrogou, ainda, Thiago, ávido dos informes do Mestre:
- As leis divinas são muito amplas e abrangentes. Existe uma que possa resumir a todas elas e, assim, nos facilitar a observância e vivência?
- Thiago! – asseverou o Mestre cheio de ternura – Há quase três anos estou no meio de vós ensinando e exemplificando cotidianamente a lei a que vos referis e ainda não a identificastes? Trata-se da Lei do Amor. Ela, sem dúvida nenhuma, sintetiza todas as outras. Aquele que ama, pelo simples fato de amar, é mais feliz que os demais. O amor é tudo. O amor é paciência, resignação, doação, dedicação, perseverança, paz, contentamento, realização, vida... Deveras, a dor e o sofrimento só desaparecerão da Terra quando amar-vos uns aos outros.
Thiago, fortemente impressionado com as palavras do Mestre, agradeceu-lhe com o coração transbordante de satisfação, parecendo ter encontrado um tesouro de valor incalculável.
O Mestre conclui sua fala da seguinte forma:
- Meus queridos, não vos inquieteis com a chegada da dor. Procurai ver nela um desafio a ser superado, uma oportunidade de ascensão. Não olvideis que toda subida é árdua, exigindo fôlego e persistência. Sabeis, enfim, que estais na Terra para desenvolver as vossas potencialidades, aperfeiçoando-vos incessantemente. Da mesma forma que é longa a marcha da semente ao fruto, também é longa a vossa marcha até Deus.
O Mestre estabeleceu nova pausa à sua preleção, a fim de atender alguns casos particulares que exigiam sua atenção, multiplicando consolo e bênçãos.

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