Para a semana que se inicia, apresento como material para leitura e
reflexão o capítulo 22 do livro Na Era do Espírito. Cada
capítulo desta obra, cabe a explicação, organiza-se da seguinte
maneira: ligeiro apontamento de Chico Xavier, a comunicação
mediúnica em si e os excelentes comentários do Profº José
Herculano Pires. O capítulo que selecionei nos brinda com uma
belíssima e profunda mensagem do Espírito André Luiz.
Questões Graves – Chico Xavier.
“Antes de nossa reunião poucos irmãos (era uma reunião íntima
para tarefas de desobsessão) perguntavam uns aos outros qual o ponto
mais expressivo em que nos devemos firmar quando as questões mais
graves do mundo nos surgem pela frente.
As dificuldades na reencarnação se mostram com muitas faces. E,
compreendendo assim, trocávamos opiniões.
No introito do programa de ação temos sempre alguns minutos para
contato com os ensinamentos de Allan Kardec. O Livro dos
Espíritos, aberto sem ideia preconcebida, nos deu a questão
843, referente ao livre arbítrio, para meditarmos.
Ao término das tarefas o amigo espiritual que nos veio ao encontro
foi o nosso caro André Luiz que escreveu, por nosso intermédio, a
página a que intitulou – O mais importante.”
O Mais Importante – Chico Xavier / André Luiz.
Provavelmente você estará atravessando longa faixa de provações
em que o ânimo quase que se lhe abate.
Crises e problemas apareceram.
Entretanto, paz e libertação, esperança e alegria dependem de sua
própria atitude.
Se veio a colher ofensa ou menosprezo, você mesmo pode ser o perdão
e a tolerância, doando aos agressores o passaporte para o
conhecimento deles próprios.
Se dificuldades lhe contrariaram a expectativa de autorrealização,
nesse ou naquele sentido, a sua paciência lhe fará ver os pontos
fracos que precisa anular a fim de atingir a concretização dos seus
planos em momento mais oportuno.
Se alguém lhe impôs decepções, o seu entendimento fraterno
observará que isso é uma bênção da vida imunizando-lhe o
espírito contra a aquisição de pesados e amargos compromissos
futuros.
Se experimenta obstáculos na própria sustentação, o seu
devotamento ao trabalho lhe conferirá melhoria de competência e a
melhoria de competência lhe elevará o nível de compensações e
recursos.
Se você está doente, é a sua serenidade, com a sua cooperação,
que se fará base essencial de auxílio aos médicos e companheiros
que lhe promovem a cura.
Se sofre a incompreensão de pessoas queridas, é a sua bondade, com
o seu desprendimento, que se lhe transformará em arrimo para que os
entes amados retornem ao seu mundo afetivo.
Evite as complicações de rebeldia e inconformidade, ódio e inveja,
egoísmo e desespero que apenas engrossarão o seu somatório de
angústia.
Mudanças, aflições, anseios, lutas, desilusões e conflitos sempre
existiram no caminho da evolução. Por isso mesmo, o mais importante
não é aquilo que aconteça e sim o seu modo de reagir.
Reação Livre – Irmão Saulo (pseudônimo de José
Herculano Pires).
Muita gente pergunta em que consiste o livre arbítrio na
reencarnação, desde que esta é condicionada pelo carma, pela lei
de ação e reação. Há nas correntes filosóficas existenciais o
princípio da facticidade, segundo o qual já nascemos feitos
no mundo, determinados pelo nosso corpo e pelo meio em que surgimos.
Mas apesar disso os filósofos da existência consideram a criatura
humana como a única dotada de liberdade, o único ser livre da
Terra. Porque a partir desse dado inicial o homem é livre para
pensar e agir, sem o que não teria responsabilidade.
Muito antes dessa descoberta dos existencialistas O Livro dos
Espíritos já estabelecia o livre arbítrio como característica
da espécie humana. A questão 843 desse livro mostra que a liberdade
humana é progressiva, desenvolvendo-se em fases sucessivas desde o
nascimento até a madureza. O condicionamento físico do homem,
abrangendo as condições orgânicas, a hereditariedade, o meio e a
cultura, não lhe tira a capacidade de discernir e escolher. As
predisposições instintivas o inclinam em diversos rumos, mas nem
por isso o obrigam a fazer isto ou aquilo. Assim como o motorista,
limitado pelas condições do carro que dirige, não perde a sua
liberdade, o homem continua, como espírito, livre para pensar,
querer e agir no condicionamento da sua reencarnação.
É por isso que André Luiz considera como o mais importante o modo
de reagir da criatura diante das vicissitudes da vida. Essas
dificuldades agem sobre o homem como consequências do passado, mas é
através de sua maneira de reagir que o homem vai superar o passado e
abir novas perspectivas para a sua vida no presente e no futuro. Se
reagir mal continuará enleado no seu carma. Se reagir bem
libertar-se-á dele. Nosso comportamento, portanto, diante das
questões mais graves que o mundo nos propõe, é o que vai decidir o
nosso destino. Poderíamos querer mais ampla liberdade do que essa, a
de construir por nós mesmos o nosso futuro?
Referência:
XAVIER, Francisco Cândido (Espíritos Diversos); PIRES, José
Herculano. Na Era do Espírito. 3. ed. São Bernardo do
Campo-SP: GEEM (Grupo Espírita Emmanuel), 1976 (1. ed. de 1973).
p.128-132.
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