Pensamento...

"Eu sou o Colombo da minha alma e diariamente descubro nela novas regiões." | Gibran Khalil Gibran.

Buscadores espirituais...


 

sexta-feira, 30 de abril de 2010

OS TEUS SONHOS



Oh! Irmão querido, jamais desista
Da realização do teu sonho,
Não tragas o coração tristonho
Numa atitude derrotista.

Olha o que faz o alpinista,
Escalando picos sem tamanho,
Supera o medo mais bisonho
Por persistir e ser altruísta.

Faze tu o mesmo, persevera,
Trabalha, esforça-te, prospera,
Para os teus dias serem risonhos.

Saiba, de fato, o que desejas,
Avança em todas as pelejas
Materializando os teus sonhos!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

UMA SESSÃO DE REGRESSÃO



Luís tinha um problema grave,
Andava calado e muito sozinho,
Incapaz de vencer qualquer entrave
Que aparecesse em seu caminho.

Sentimento muito estranho,
De difícil explicação,
Só aumentava de tamanho
Sem encontrar solução.

Um medo incontrolável,
Sem causa aparente,
Era tormento implacável
Perturbando a sua mente.

Vários médicos consultados,
Vários remédios prescritos,
Todos os meios procurados
Não resolveram seus conflitos.

Foi quando um amigo,
Ante a sua desarmonia,
Pediu que fosse consigo
Tentar uma nova terapia.

Mesmo sem muitas esperanças,
Preso a um desânimo invencível,
Já cansado de tantas andanças,
Cedeu ao convite, suscetível.

Procuraram um terapeuta experiente,
Especializado em casos de regressão,
Que o atendeu, convenientemente,
Logo agendando a próxima sessão.

Luís, um tanto surpreendido,
Nos escaninhos da consciência,
Acessou um arquivo escondido
De uma remotíssima existência...

Achava-se preso numa caverna,
Ameaçado por terríveis inimigos,
Que faziam barulho e baderna,
Extravasando ódios antigos.

Aquela pequena e apagada lembrança,
De algum modo, lhe trouxe bem-estar,
Renovando a sua fé e a sua confiança
Daquele medo um dia poder se libertar!

domingo, 25 de abril de 2010

CRESCIMENTO ESPIRITUAL


A palavra crescimento implica na mudança de um determinado estado para outro. A semente que brota, se desenvolve e se torna uma árvore, passou por um processo de crescimento. De algum modo, a árvore estava contida na semente, mas dependeu de um conjunto de fatores para manifestar-se. Crescimento, assim, não é apenas aumentar de tamanho, ganhar maior extensão, expandir-se... É tudo isso, mas num sentido determinado, composto por etapas sucessivas que se distinguem umas das outras, demarcadas por novos acréscimos e desenvolvimentos.
O crescimento espiritual deve ser compreendido como o caminho percorrido pela semente até a árvore. Cada um de nós, deste modo, situa-se num ponto específico do caminho, entre a semente e a árvore. Uns estão mais próximos da semente, outros estão mais próximos da árvore. Todos, no entanto, estão onde podem e devem estar. Entender isto resolveria um grande número de problemas.
A semente quando brota, segue seu curso natural. O broto que surge, nem se lastima por não ser mais uma semente, nem se inquieta por ainda não ser uma árvore. O broto vive plenamente a sua condição de broto, mas sem ficar preso nela, continuando o seu desenvolvimento que é ininterrupto.
Guardadas as proporções, nós somos sementes de Deus, depositadas no ventre do Universo para nos transformarmos em árvores. Como sementes, temos o nosso próprio tempo e ritmo de maturação. Por isso, algumas sementes brotam e crescem mais rápido do que as outras, mas isto não significa que sejam melhores, apenas que estão num tempo e num ritmo diferente de desenvolvimento. Todas as sementes passarão pelos mesmos estágios de crescimento, alcançando a condição de árvores, mas cada uma segundo as próprias possibilidades.
Considerando isto, os seguintes comportamentos são, no mínimo, desadequados:
A semente invejar a árvore que um dia ela própria será;
O broto ficar impaciente ou sentir-se frustrado por ainda não poder dar os frutos que a árvore já dá;
A árvore ignorar as etapas anteriores do seu crescimento e criticar a semente e o broto por não serem como ela é.
E aí, em que estágio você está? Ainda é uma semente? É um broto? Já é uma árvore? É importante você conhecer a posição em que está, identificar o seu ritmo de crescimento, respeitar o ritmo de crescimento alheio e compreender que não podemos exigir dos outros mais do que podem nos dar. Ou pode a árvore exigir frutos da semente?!
O crescimento espiritual, segundo a metáfora de que nos servimos, da transformação da semente em árvore, ocorre de forma natural, num sequenciamento do qual não podemos fugir, revelando através das nossas reações perante a vida a posição em que estamos ou o nosso tamanho interior (...semente..., ...broto..., ...árvore...).

sexta-feira, 23 de abril de 2010

CORRENTEZA DE LUZ - JOSÉ RAUL TEIXEIRA / CAMILO


Nos dias difíceis em que vivemos, quando o peso dos problemas ameaça-nos esmagar, vale a pena dedicarmos alguns instantes para a leitura e para a meditação, buscando inspirações para o nosso dia-a-dia.
Nesse sentido, uma excelente sugestão é a obra Correnteza de Luz, do Espírito Camilo, psicografada pelo médium José Raul Teixeira. Sua primeira edição data de 1991, publicada pela Editora Fráter. Escrita primorosamente, numa linguagem irreprochável, apresenta elevados esclarecimentos sobre múltiplas questões da nossa vida sob o ângulo do Espiritismo.
Refletindo sobre temas extraídos de O Livro dos Espíritos e de O Livro dos Médiuns, enfoca de modo muito especial as inter-relações entre o mundo material e o mundo espiritual.
Os três primeiros capítulos da obra, por exemplo, constituem um pequeno mas aprofundado estudo sobre o perispírito, raramente encontrado em outro lugar, ao menos da forma como ali está exposto.
Quem se interessa pelo temática mediúnica não pode deixar de lê-la, pois encerra preciosos apontamentos sobre a sua natureza, desenvolvimento, modo de exercer, finalidade, etc.
Num tempo em que a literatura espírita ganha em quantidade e perde em qualidade, há que se selecionar boas obras, Correnteza de Luz é uma delas!
Eis alguns excertos:
I - “Na área da irradiação, energias emitidas pela alma, sempre ativa, expandem-se em determinada região que a circunscreve, sofrendo a sua natural influência, mais ou menos ampla, de conformidade com o nível de desenvolvimento intelectual e moral dessa Inteligência. É graças à sua plasticidade, entretanto, que o corpo perispiritual logra ter modificadas as suas formas externas, consoante a ação do psiquismo da Entidade Espiritual. Convertem-se em figuras dantescas, mesmo irracionais, na hipantropia, na licantropia, ou noutra qualquer expressão zoantrópica, dentro dos estados da mente enferma e culpada, grotesca, liberada do corpo somático.” (Correnteza de Luz, p.22).
II - “Ilumina o teu entendimento com a luz de amadurecidas meditações, a fim de que o teu conhecimento das questões da alma não se perca nas superficialidades que geram insegurança.” (Correnteza de Luz, p.48).
III - “Nos dias que se derrama sobre a Terra a bênção do Consolador, que representa Jesus de retorno ao convívio humano, insuflando-nos bom ânimo, esperança, coragem para encetar a marcha renovadora, evocamos a figura do Guia Israelita, para concluir que, também na atualidade, carece o exercício mediúnico da disciplina, que norteia; do respeito, que valoriza; dos dedicados estudos, que geram entendimento; das meditações elevadas, que equilibram, a fim de que se consigam frutos sazonados da árvore da mediunidade.” (Correnteza de Luz, p.59).
IV - “Muitos são os que procuram informações quanto aos modos pelos quais se poderá melhor desenvolver a mediunidade, ou educá-la, para servirem com maior proveito. É necessário se entenda, nesse caso, que à medida que o indivíduo com deveres mediúnicos se renova e se amplia, como criatura humana, quanto mais se aprimora como ser, mais conhecendo, mais amando, mais sentindo e sendo melhor pessoa, obviamente suas características mediúnicas, sejam quais forem, igualmente se desenvolverão.” (Correnteza de Luz, p.71).
V - “Se pensas, pois, em servir na Vinha do Cristo, na faixa do intercâmbio com o Além, afervora-te às necessárias disciplinas, com espontaneidade e lucidez, a fim de O encontrares em cada atividade, ainda que isso te custe abandono, incompreensão ou lágrimas, certo de que mais te valerão o clima da consciência iluminada e a alma prenhe de bênçãos.” (Correnteza de Luz, p.106).
VI - “Cumpre estudar sempre mais, meditar cada vez mais para conseguir captar sutilezas e servir melhor.” (Correnteza de Luz, p.130).
VII - “Eminentes energias são dinamizadas pelo empenho da oração. Essa maneira de intercambiar com os Poderes Superiores da Vida coloca a criatura em condições de, ao dirigir o pensamento às Alturas, tornar-se receptáculo das fulgurantes bênçãos que jorram do Infinito em cascatas felizes.” (Correnteza de Luz, p.151).
VIII - “O Espiritismo, na sua feição de doutrina da razão, convida àqueles que se aproximam dos seus circuitos ou que mourejam em seus campos, a um mergulho no oceano dos pensamentos superiores, que são expressos com nobreza de forma e elegância vocabular, valorizando a todos quantos apreciam o próprio crescimento.” (Correnteza de Luz, p.188).

quinta-feira, 22 de abril de 2010

ESPÍRITA, APRENDE A AMAR!


“Sou espírita!” É fácil clamar,
Porém, viver de forma exemplar
No amor, fundamento basilar,
É meta difícil de ultimar.

Nesses dias, que são de abismar,
Muitos têm sabido dissimular,
Sem pela conduta reta zelar
E nos enganos de sempre teimar.

Espírita, evita o erro,
Não te entregues ao desespero,
Aproxima teoria e prática.

Para o teu coração sublimar,
Com o Cristo, aprende a amar
De forma certa e autêntica!

terça-feira, 20 de abril de 2010

UM DIA COM O MESTRE - PARTE IV


IV – O Mestre esclarece para onde vamos

A tarde avançava tranquila.
Os raios solares banhavam a todos com uma branda luz dourada.
O ambiente, por si só, já era um convite à elevação e a presença do Mestre transformava as consciências, fazendo cada um acreditar no melhor de si mesmos, do outro, do mundo...
Junto ao Mestre tudo parecia ser possível. A solução para o problema difícil, a coragem para a reconciliação, a força para superar a circunstância infeliz, o perdão irrestrito, o amor incondicional...
Foi nesse clima de estasia que seguiu o Mestre ensinando:
- Ah, meus irmãos! A vida neste plano é tão breve. Por mais longa que seja é sempre breve... É quase incompreensível que vos atormenteis tanto durante um período de tempo que é por demais curto. Quantas canseiras, aflições e angústias desnecessárias! Quantos atritos e desentendimentos por coisas vãs! Muitas vezes um momento de irreflexão tem custado a paz de toda uma existência. Do berço ao túmulo, a vida passa célere, num átimo. De um instante para outro, a morte chega de surpresa, e ela chega depressa, lançando a criatura de chofre em uma nova realidade, como se estivesse diante de um espelho, vendo a si mesma como de fato é, sem ilusões, sem máscaras. Para a maioria, infelizmente, é um episódio doloroso, pois não se preparou como convinha para o mesmo.
Matias, ardoroso seguidor do Mestre, pediu-lhe:
- Mestre! Fala-nos mais sobre as moradas espirituais que nos aguardam depois da morte!
O Mestre, prontamente, pôs-se a falar:
- São infinitas as moradas espirituais e são infinitas também em sua tipologia. Cada ser, ao morrer, abandona o corpo de carne e segue para a morada espiritual que lhe é própria, que possui as mesmas características que carrega consigo mesmo. Tudo é regido por leis invisíveis, estatuídas pela Divindade, para regular todos os acontecimentos. O processo da morte e do despertar em nova realidade não fogem à regra. O ser sempre está, na carne ou fora dela, no lugar certo, nunca há equívocos. Assim, com a chegada da morte, o ser defronta-se com as condições que criou para si mesmo, habitando a morada espiritual que merece.
- Mestre! - tornou Matias, interessado na temática – Observai que nós aqui estamos ouvindo-te, desejosos de esclarecer-mo-nos. Todos estamos aprendendo... Isto influenciará nossa sorte futura, na vida depois da morte?
Respondeu o Mestre, cheio de sabedoria:
- Todo desejo de aprender, de crescer, de evoluir, é bom, mas não garante uma posição venturosa na vida espiritual. Se um aluno tem sede de conhecimento, porém nada lê e nem presta atenção nas palavras de seu professor, possivelmente morrerá daquela sede. O que quero dizer é que não basta o desejo, a intenção, é indispensável a ação, a prática, a vivência. Isto sim influenciará a sorte futura, de forma determinante, reservando ventura ou desventura na vida que segue além da morte. Aquele que tem compaixão apenas para si e nunca para os outros, por exemplo, não precisa esperar compaixão na morada espiritual para onde seguirá. A cada um segundo suas obras. Após a morte, o indivíduo bom gozará os frutos da sua bondade e o indivíduo mal gozará os frutos de sua maldade. Tudo é muito simples de entender...
Tocado pelas informações claras e objetivas, Matias perguntou:
- Mestre! É possível, como asseveram alguns, obter-se notícias dos nossos afetos que a morte arrebatou de modo precoce?
O Mestre, compreendendo a gravidade da pergunta, respondeu:
- É possível não só obter-se notícias sobre eles como também comunicar-se diretamente com eles. Dias virão, num futuro distante, em que as barreiras que separam vivos e mortos serão atenuadas, podendo cada um, por si mesmo, manter o contato afetuoso com aqueles que se foram... Ah, Matias! Entendo bem o porquê de tua pergunta. Tua mãe recentemente abandonou o corpo de carne e, intimamente, desejas saber como ela está. Apascenta, pois, o teu coração. Tua mãe está bem. Acha-se numa morada de paz e freqüentemente lhe tem feito visitas. Vejo-a, neste momento, ao teu lado, segurando tua mão, embora tu conscientemente nada percebas. Ela pede para que eu lhe diga que, na noite anterior, quando tu sonhaste com ela, não foi apenas um sonho, mas um encontro que os vossos espíritos tiveram. Deves seguir os conselhos que ela lhe deu, para que consigas contornar o drama familiar em que estás situado e que não é preciso explicitar.
Matias emocionou-se, sentidas lágrimas lhe molharam a face, fora surpreendido agradavelmente com a notícia da sobrevivência da mãe e do contato estreito que mantinham.
O crepúsculo chegara de forma imperceptível e dominara o ambiente.
O Mestre, então, concluiu o seu dia de pregação e iluminação dizendo:
- Abarcastes hoje, num golpe de vista, a súmula de todos os enigmas da vida. Descobristes o que muitos seguem ignorando. Sabeis agora quem sois, de onde vindes, porque estais aqui e para onde ides! Vos ofereci, através de um diálogo franco, um mapa e vos apontei a direção que deveis tomar. O resto é convosco. Bem-aventurados sois vós que desvendaram o conjunto dos mistérios e que iniciarão uma nova marcha, uma marcha coração adentro, em busca de si mesmos, da simplicidade, do amor, da paz... Que Deus, nosso Pai, possa derramar sobre todos nós que aqui nos reunimos as suas preciosas bênçãos, fazendo com que cada um sinta-se bem e possa seguir amparado até o seu lar.
Assim, através de uma simples prece, o Mestre despediu a multidão que, aos poucos, foi se afastando.
Aquele fora um dia inesquecível.
Os que privaram da presença do Mestre e ouviram as suas lições lúcidas guardavam no íntimo a certeza de que a partir dali suas vidas seriam completamente diferentes.
E elas foram...

domingo, 18 de abril de 2010

O LIVRO DOS ESPÍRITOS - 153 ANOS





No dia 18 de abril de 1857 aparecia na cidade de Paris a primeira edição de O Livro dos Espíritos. Era um livro diferente de qualquer outro que já havia sido publicado: os seus autores eram os Espíritos. Despertando a atenção geral, poucos meses depois do seu lançamento a obra já estava esgotada.
O Livro dos Espíritos vinha assinado por Allan Kardec, que era um pseudônimo, um nome fictício, adotado por um célebre educador francês, Hippolyte Léon Denizard Rivail. Quanto à sua origem, esta obra possui uma dupla natureza: de um lado, apresenta as comunicações dos Espíritos e, de outro, o trabalho de organização e análise feito por Kardec.
Monumental diálogo entre os vivos e os impropriamente chamados de mortos, O Livro dos Espíritos constitui um conjunto de perguntas e respostas expressando uma nova visão da vida e da criatura humana.
Insistindo que o mérito da obra cabia exclusivamente aos Espíritos, não podemos ignorar que Allan Kardec desempenhou um papel fundamental na gênese e concepção da mesma. A sua genialidade está refletida em cada página de O Livro dos Espíritos. Organizou as informações trazidas pelos Espíritos de uma forma primorosa, sistematizando-as com clareza e lógica. Os assuntos abordados estão arranjados de tal maneira que decorrem uns dos outros, demonstrando uma unidade surpreendente.
O trabalho e a importância dos Espíritos são inseparáveis do trabalho e da importância de Kardec quando à produção de O Livro dos Espíritos. Para avaliar isto melhor, é preciso conhecer o modo como ele surgiu, destacando que não foi uma revelação que veio pronta e acabada da parte dos Espíritos; foi antes uma produção lenta e laboriosa que não prescindiu do concurso da observação, da razão e da lógica.
Foi em 1854 que Allan Kardec ouviu falar pela primeira vez nos fenômenos espíritas. Permaneceu, de início, numa posição de dúvida, que durou até assistir a uma sessão em que pôde observar a ação inteligente dos Espíritos.
Era uma terça-feira do mês de maio do ano de 1855, na casa da Sra. de Plainemaison, quando Kardec confirmou a autenticidade do fenômeno através de evidências inequívocas. Diante dele abriam-se as portas de um novo mundo que passaria a investigar infatigavelmente.
Na casa da Sra. de Plainemaison, Kardec teve a oportunidade de conhecer o Sr. Baudin e de ser convidado para participar das sessões que ocorriam na casa dele, onde funcionavam como medianeiras suas duas filhas, Júlia e Carolina, ambas adolescentes, um com 14 e outra com 16 anos de idade.
Allan Kardec torna-se um frequentador assíduo das sessões na casa da família Baudin. As manifestações mediúnicas se davam através de uma pequena cesta, descrita por Kardec em O Livro dos Médiuns e batizada de cesta pião, porque ela era atravessada em seu centro por uma espécie de lápis, apoiada sobre uma ardósia, um tipo de lousa, onde os caracteres eram traçados. As meninas Baudin depositavam suas mãos nas bordas da cesta e em instantes a mesma se punha em movimento. Este tipo de comunicação com o Mundo Invisível evidenciava a independência do pensamento dos Espíritos em relação ao pensamento dos medianeiros, já que seria impossível a coordenação de movimentos entre os médiuns, ainda mais entre duas adolescentes, para responder de forma precisa às perguntas que eram apresentadas sem o seu prévio conhecimento e respondidas de forma rápida e lógica. Mediante este processo, Kardec obteve as mais interessantes e sublimes comunicações espíritas.
O caráter inicial das sessões espíritas na casa da família Baudin, que eram presididas por um Espírito que se deu a conhecer como Zéfiro, era um tanto frívolo. As pessoas reuniam-se ali para divertirem-se. Passavam horas seguidas em diálogos ociosos com os Espíritos, atendendo aos seus caprichos, curiosidades e futilidades. Quando Kardec passou a participar destas sessões, conferiu, com o tempo, um cunho de seriedade às mesmas, objetivando a instrução de si mesmo e dos demais participantes.
Allan Kardec, na intimidade de seu lar, começou a preparar uma série de perguntas a serem feitas aos Espíritos, nas sessões mediúnicas em que tomava parte, sobretudo na casa da família Baudin. Paulatinamente, as perguntas e respostas que vinha acumulando foram assumindo a forma de uma doutrina. Kardec organizou-as de forma sistemática e as publicou em um livro. Nascia assim O Livro dos Espíritos.
Nota-se, deste modo, que O Livro dos Espíritos foi fruto não só das informações dadas pelos Espíritos mas também do labor intelectual de Kardec. Surgia no mundo o Espiritismo. É importante ressaltar que até a designação da nova doutrina, que tinha como princípio fundamental as relações com o mundo espiritual, apareceu pela primeira vez neste livro. Tratava-se de um neologismo, um termo novo, para identificar uma coisa nova, que era o conjunto dos ensinamentos dos Espíritos analisados e estruturados de forma a atender as exigências da razão e da lógica.
Depreende-se, então, a importância de O Livro dos Espíritos, assinalando a origem do Espiritismo e, igualmente, marcando o início de uma Nova Era para a Humanidade. A sua leitura, estudo, análise, reflexão e meditação, constitui meio essencial para apropriar-se dos informes transcendentes que trás sobre a nossa origem, a nossa natureza, o porquê das nossas dores, as causas reais dos nossos sucessos e insucessos, os enigmas das relações parentais, a nossa destinação, em uma palavra, a nossa realidade espiritual.
Não há melhor maneira de comemorarmos os seus 153 anos do que fazendo a leitura e o estudo desta obra extraordinária, verdadeira síntese de todo o conhecimento que a humanidade vem acumulando ao longo dos séculos, e, a partir desta leitura e estudo, transformarmos nossa existência, pautando-a pelos ensinamentos sublimes que ela encerra.

sábado, 17 de abril de 2010

UM DIA COM O MESTRE - PARTE III


III – O Mestre esclarece o que estamos fazendo aqui

Na primeira hora da tarde, o Mestre se predispôs a continuar o encontro de esclarecimento.
Elevou o pensamento ao Mais Alto, em sentida prece, exorando as bênçãos divinas para todos.
Logo em seguida, o Mestre passou a ensinar:
- Queridos irmãos, penetrando o ádito das vossas consciências, identifico um sem número de inquietações e angústias. Todos, diariamente, convivem com a presença indesejável da dor, que imiscui-se nos escaninhos da vida. Paira sobre cada um de vós o desejo insopitável de se libertar das dificuldades, por enxergar nelas o entrave à felicidade. Advirto-vos! É uma maneira equivocada de encarar as coisas, pois tudo, desde o grão de areia até a estrela mais brilhante, possui a sua razão de ser. Assim é a dor, o sofrimento, a inquietação, a angústia, a dificuldade... Atendem a uma determinada necessidade que, na maioria das vezes, tem origem em vosso mundo íntimo. Revelam um aspecto ignorado da vossa intimidade reclamando atenção, trabalho, modificação, melhoramento... Por isso, reiteradas vezes, tenho recomendado paciência e resignação perante as situações adversas.
- Mas Mestre, - interpelou Thiago – acaso a Divindade nos colocou no mundo para sofrer?
- Evidente que não, Thiago – ripostou o Mestre – Deus vos colocou no mundo com o mesmo objetivo que o lavrador deita a semente no solo: para desenvolver-se, crescer, amadurecer e dar frutos. A semente, para cumprir sua finalidade, enfrenta a escuridão do buraco em que foi posta, a pressão da terra, a morte de si mesma para que o broto surja, a fragilidade inicial, a ameaça de pragas, os rigores do tempo, etc., até concluir seu ciclo natural. Poucos, no entanto, se dão conta do imenso caminho, cheio de obstáculos e dificuldades, que vai de uma simples semente até o seu fruto. Guardadas as proporções, vós sois como uma semente, para cumprir sua finalidade, enfrentais a escuridão do desconhecido, a pressão da sobrevivência, a morte das ilusões, a fragilidade do caráter, a ameaça das quedas sucessivas, os rigores do trabalho exaustivo, a dor, o sofrimento, a inquietação, a angústia, as dificuldades, etc., até concluirdes vosso ciclo natural. Quase ninguém se dá conta disto! As condições adversas da vida, eu teimo em insistir, são indispensáveis para o crescimento.
- Mas não há – tornou a se manifestar Thiago – uma maneira de viver na Terra sem sofrer?
- Thiago! - disse o Mestre – Conheceis alguém que não tenha sofrido em sua vida?
Após pensar alguns minutos, Thiago respondeu:
- De fato, nunca conheci ninguém que não tenha sofrido!
O Mestre deteve seu olhar amoroso em Thiago e continuou:
- Em verdade vos digo que a dor e o sofrimento são características comuns dos planos existenciais limitados quais a Terra. Onde há ignorância, maldade e medo, também há dor e sofrimento!
- Mestre! – perguntou Thiago – Não haveria da parte de Deus injustiça ou, talvez, negligência, em deixar as suas criaturas sujeitas a toda sorte de misérias e dores?
- Thiago, Thiago! Não blasfemeis - afirmou o Mestre com firmeza – Quantas vezes será necessário dizer que os planos de Deus não contém erros? Que são precisos em suas minúcias e especificidades? Não há injustiça, muito menos negligência, da parte de Deus em relação às suas criaturas. Em tudo vige a sua providência e misericórdia. Nenhuma lágrima tomba da vista em vão! Todos vós sois seres comprometidos com a consciência. Eu vejo muito além... Sob os corpos carnais da vida atual, percebo seres falidos em suas experiências anteriores, adúlteros, assassinos, criminosos em geral... Não vos lembrais de nada disto, por efeito da misericórdia divina, pois a lembrança constante dos vossos erros de antanho vos prejudicaria a corrigenda e talvez atravancasse o vosso avanço. Assim, quando sofreis, na maioria das vezes, este sofrimento nada mais é do que a consequência dos erros cometidos em outras vidas.
- Não existe – interpelou novamente Thiago – uma forma de minorar a dor e o sofrimento, tornando a vida mais amena e feliz?
Esclareceu o Mestre:
- Isto é bem outra coisa. Grandes Missionários têm vindo ao vosso encontro, por ordem de Deus, revelar as sublimes leis que regem a vida. Nada mais fazem do que concitar a todos à sua observância e obediência. Pois bem, eu vos digo que aquele que conhece as leis divinas e vive de acordo com elas experimentará, ainda na Terra, as bem-aventuranças que vos tenho anunciado. A felicidade, que é um estado interior do indivíduo, está diretamente relacionada a uma conduta reta, à pratica do bem, ao exercício da caridade, enfim, à vivência das mais nobres e sacrossantas virtudes. De modo que quem obra no bem, mesmo experimentando dor ou sofrimento, sente-se, de alguma maneira, feliz! Vede os profetas. Quantos deles foram ultrajados, perseguidos e mortos, mas em seu íntimo estavam felizes, porque viviam de acordo com as leis soberanas da Divindade.
Interrogou, ainda, Thiago, ávido dos informes do Mestre:
- As leis divinas são muito amplas e abrangentes. Existe uma que possa resumir a todas elas e, assim, nos facilitar a observância e vivência?
- Thiago! – asseverou o Mestre cheio de ternura – Há quase três anos estou no meio de vós ensinando e exemplificando cotidianamente a lei a que vos referis e ainda não a identificastes? Trata-se da Lei do Amor. Ela, sem dúvida nenhuma, sintetiza todas as outras. Aquele que ama, pelo simples fato de amar, é mais feliz que os demais. O amor é tudo. O amor é paciência, resignação, doação, dedicação, perseverança, paz, contentamento, realização, vida... Deveras, a dor e o sofrimento só desaparecerão da Terra quando amar-vos uns aos outros.
Thiago, fortemente impressionado com as palavras do Mestre, agradeceu-lhe com o coração transbordante de satisfação, parecendo ter encontrado um tesouro de valor incalculável.
O Mestre conclui sua fala da seguinte forma:
- Meus queridos, não vos inquieteis com a chegada da dor. Procurai ver nela um desafio a ser superado, uma oportunidade de ascensão. Não olvideis que toda subida é árdua, exigindo fôlego e persistência. Sabeis, enfim, que estais na Terra para desenvolver as vossas potencialidades, aperfeiçoando-vos incessantemente. Da mesma forma que é longa a marcha da semente ao fruto, também é longa a vossa marcha até Deus.
O Mestre estabeleceu nova pausa à sua preleção, a fim de atender alguns casos particulares que exigiam sua atenção, multiplicando consolo e bênçãos.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

UM DIA COM O MESTRE - PARTE II


II – O Mestre esclarece de onde viemos

Bartolomeu, quebrando a quietude ambiente, aproxima-se do Mestre e lhe indaga:
- Mestre! Se saímos das mãos da Divindade, tendo sido projetados pela sua Magnânima Sabedoria, quando isto teria acontecido? Teria, por acaso, ocorrido no momento de nossa concepção?
O Mestre, paciente, informou:
- Bartolomeu, Deus possui os seus segredos... Vossa mente é ainda incapaz de compreender os enigmas cósmicos de que fazeis parte. O vosso Espírito já existia há muito tempo antes da concepção. Quando ele foi criado, no entanto, é coisa que não tenho como vos dizer, porque não me compreenderíeis. Saístes da Divindade, como as palavras saem de minha boca neste momento, por efeito da sua vontade. O tempo e o espaço, como os entendeis, não existiam. É como se cada Espírito fosse uma realidade específica, uma flecha artesanal lançada na direção do sem-fim...
Bartolomeu, manifestando incompreensão, asseverou:
- Mestre! Compreendo que Deus me criou, no entanto, não consigo entender como pode ter me criado antes da concepção, como pode ser isto?
- Vós todos sois crianças espirituais – exclamou o Mestre de forma branda – pois não compreendeis as coisas mais simples da existência. Acaso julgais que fostes feito no mesmo momento que o corpo de carne? Ledo engano! Se assim fosse, Bartolomeu, como explicar as diferenças que existem entre ti e os teus irmãos? Acaso André e Zaqueu não receberam em casa a mesma educação que recebestes? Como pode ser então que os três tenham personalidades tão estranhas entre si? Vós e André, por exemplo, estão freqüentemente em oposição, nem parecendo irmãos consanguíneos. Em verdade, em verdade vos digo: cada um de vós é anterior ao corpo de carne, sendo hoje, o que fostes ontem, pois em tudo há continuidade e nunca será demasiado repetir que vós sois os herdeiros diretos de vós mesmos.
- Mestre – suplicou Bartolomeu -, explicai-nos melhor isto. Se existíamos antes do corpo carnal, onde estávamos?
O Mestre, então, seguiu sua explanação:
- Não vos ensinei, outrossim, que na Casa do Pai há muitas moradas?! Cada uma destas moradas abriga seres em conformidade com as suas características, podendo ser material ou não. A morada que vos falo, entretanto, refere-se a habitação do Espírito. Antes e depois da morte, cada Espírito acha-se no lugar que lhe é próprio. As moradas espirituais, assim, variam ao infinito e impossível seria descrevê-las todas. Todos, sem exceções, viemos de uma morada espiritual determinada e, após a morte do corpo carnal, retornaremos a ela.
- Mestre, - interpelou mais uma vez Bartolomeu – falai-nos mais sobre estas moradas. São lugares de alegria e ventura?
- Ah, Bartolomeu! - tornou o Mestre – Quão escassos são os vossos conhecimentos sobre as verdades do Espírito! Infelizmente, nem todas as moradas espirituais são de alegria e ventura, conforme indagastes, muitas são de dor e sofrimento. Não vos tenho dito: A cada um será dado de acordo com as suas obras? Pois as diferentes moradas espirituais constituem a consagração deste princípio. Repito: antes do nascimento e depois da morte, cada um encontra-se na morada espiritual em que melhor se enquadre por afinidade. Seria justo os maus e os bons habitarem o mesmo lugar?
Bartolomeu, ainda confuso, questiona o Mestre:
- Oh Mestre, ajudai-me a entender, como é possível que alguém possa vir de uma morada espiritual de dor e sofrimento para a Terra, acaso a Divindade a amaldiçoou?
O Mestre sorriu, ante a ingenuidade da pergunta, e esclareceu com ternura:
- Bartolomeu, Bartolomeu! Deus jamais amaldiçoa! Se o fizesse, seria como amaldiçoar a si mesmo, pois tudo é obra sua... Compreendei bem: aqueles que se acham numa morada espiritual de dor e sofrimento antes de virem para a Terra, é porque, em outra vida, procederam mal. Portanto, apenas sofrem as conseqüências dos próprios atos.
Espantado, Bartolomeu interrogou:
- O quê, temos então mais de uma vida?
- Como poderia ser diferente? - ponderou o Mestre – Como explicar as desigualdades existentes no mundo sem a doutrina das muitas vidas? Por que uns são ricos e outros miseráveis? Uns doentes e outros saudáveis? Uns alegres e outros tristes? Uns belos e outros feios? Não vos iludais, esta não é a primeira vez que estivestes aqui. Cada um de vós possuís inumeráveis existências!!! Bartolomeu, vós e vosso irmão André, já estiveram outras vezes juntos na Terra, conservando o mesmo antagonismo, porque um tem ferido o outro repetidas vezes ao longo do tempo. A vossa mãe, é o anjo da bondade, que tem estado a vosso lado, reunindo-os sucessivamente ao coração, na tentativa de que venhais a vos reconciliar de uma vez por todas um com o outro. Percebeis como nada é por acaso, tudo tem sua razão de ser na vida! Portanto, Bartolomeu, perdoai vosso irmão, se desejais também ser perdoado.
Bartolomeu, banhado em lágrimas, cumprimentou e agradeceu demoradamente o Mestre, que o fez ver que precisava resolver seu drama particular com o irmão antes de prosseguir o aprendizado das verdades eternas.
O sol estava à pino, aproximava-se o meio dia, a multidão já não conseguia mais manter o mesmo nível de atenção.
Ordenou o Mestre que fizessem uma pequena pausa para comerem algo e, em seguida, para aproveitar bem o tempo, continuar com o colóquio esclarecedor.
Naquele mesmo momento, alguns discípulos se puseram a repartir o pão entre os presentes.
Todos comeram em silêncio e em paz.

terça-feira, 13 de abril de 2010

UM DIA COM O MESTRE - PARTE I



I – O Mestre esclarece o que somos

Aquele era um dia muito especial. Era uma manhã diferente de todas as outras manhãs!
Os discípulos privariam da presença do seu amado Mestre.
A expectativa era tamanha que todos achavam-se em verdadeira festa íntima, em indescritível receptividade.
Na hora combinada, chegou o Mestre. Vestia sua tradicional túnica branca. Trazia os cabelos longos e ondulados como de praxe. Calçava humildes sandálias.
Esboçando leve sorriso, cumprimentou a todos, desejando bem-estar e paz.
Parecia o próprio sol.
Sua presença transfigurava-se em diáfanas claridades e dominava a todos pela força incoercível do seu magnetismo superior.
Lançando o olhar sobre a grande multidão, perscrutava o mundo íntimo de cada um que estava ali presente.
Fez uma prece, pedindo amparo e inspiração, e, em seguida, se predispôs a responder as perguntas de seus seguidores.
Não demorou muito, Nataniel lhe questionou:
- Mestre Querido, esclarece-nos acerca da nossa identidade, dize-nos, afinal, quem somos?
Respondeu o Mestre com a sua natural solicitude:
- Todas as religiões vos ensinam, inclusive a vossa, que sois um Espírito, sopro saído da Divindade, destinado a suprema glória.
- Mas como? - continuou Nataniel – Não somos, então, o nosso corpo?
- Evidente que não! - respondeu o Mestre – Vosso corpo é apenas uma pálida veste do vosso Espírito glorioso. Vosso corpo nasce, vive e morre. É transitório. O vosso Espírito não. Ele é imortal. É perene. Portanto, vós não sois estes corpos de carne, vasos frágeis, sujeitos a toda sorte de vicissitudes... Em verdade vos digo, vós sois Espíritos!
Perguntou ainda Nataniel:
- O corpo vemos e apalpamos, é fácil identificá-lo e percebê-lo. Mas o Espírito de que nos falais, como é? Qual a sua forma? Com o que se parece?
- Ah! Meus queridos – exclamou o Mestre – Quanta dificuldade em compreender coisas tão simples?! O Espírito não possui forma definida, pois trata-se de uma centelha, uma fagulha, uma chama. Nele repousa vossa identidade, vossa memória, cada uma das vossas lembranças, vossos desejos e sonhos, vossos sentimentos e emoções, vossos potenciais...
- No entanto, – interrompeu bruscamente Nataniel – custa-nos entender algo que não possua uma forma que possamos ao menos vislumbrar.
Esclareceu o Mestre:
- O vosso Espírito, em si mesmo, não possui forma alguma, ao menos uma que possais compreender. Todavia, reveste-o uma substância sutil, servindo-lhe de corpo espiritual, que é idêntico ao corpo de carne. Em verdade, o corpo físico constitui a sua cópia exata. Este corpo espiritual, assim, representa o ponto de ligação entre o Espírito e o corpo de carne, de modo que o que ocorre num reflete-se no outro por seu intermédio.
- Mestre, ainda uma dúvida! - pronunciou Nataniel – Se somos imortais, como dizeis, quando morre o corpo de carne, morre junto o corpo do Espírito?
Disse-lhe o Mestre com carinho:
- Nataniel, Nataniel! Abri a vossa mente ao entendimento das nobres verdades! Quando morre o corpo de carne, o corpo espiritual segue existindo como veículo do Espírito, sendo essencial para a sua manifestação nas novas realidades em que passará a se expressar.
- Mestre, perdoai minha ignorância, permita-me fazer uma última pergunta – falou Nataniel. – O que é que liga o corpo espiritual ao corpo de carne?
Afirmou o Mestre com docilidade:
- Nataniel, Nataniel! Aplicai-vos mais no estudo das Sagradas Escrituras, pois ali acham-se as repostas para todos os por quês, ainda que de forma emblemática. Os textos antigos já falavam do cordão de prata, que é um laço sutil e tênue que faz a ligação a que te referes. Desde a concepção, este cordão já existe prendendo o Espírito ao corpo de carne. Ele perdura durante toda a permanência do Espírito no corpo de carne. Somente se desfaz, quando o corpo de carne morre, devolvendo ao Espírito a sua liberdade.
Nataniel, sem ficar constrangido, agradeceu ao Mestre as palavras simples que lhe iluminaram o íntimo.
E o Mestre, como que resumindo o que até então havia exposto, sentenciou:
- Vós sois todos Espíritos Imortais, não vos enganeis! A parte essencial do vosso ser é a espiritual. Preexiste e sobrevive ao corpo de carne. É a herdeira de todas as vossas realizações e conquistas. Leva consigo a pobreza ou a riqueza que amealhastes na vida terrena, consistindo no modo como vivestes entre os vossos semelhantes. Vos digo isto para que modifiqueis vosso comportamento enquanto ainda há tempo. Muitos de vós conheceis a Lei Divina, mas poucos a têm praticado em seu dia-a-dia. O conhecimento que vos trago, sobre a vossa condição de imortalidade, é suficiente para que procureis tornar-vos melhor... Bem-aventurados são aqueles que compreendem estas minhas palavras e as vivenciam até as suas últimas consequências, pois o seu futuro será de alegrias e glórias!
A multidão manteve-se em silêncio, meditando na profundidade da lição recebida.

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