CARTA AOS PAIS
Casimiro Cunha
Não podes viver a esmo,
Numa estrada indefinida.
Um pai tem obrigações
Das mais nobres que há na vida.
Meu irmão, em tua casa,
Nas ternuras dos filhinhos,
Personifica o bom senso
Entre os beijos e os carinhos.
Por enquanto, a Terra inteira
Inda é um mar encapelado.
Se não dominas a onda
Virás a ser dominado.
Entende a luz do caminho.
A tua finalidade
Não é somente a da espécie
Nas lutas da humanidade.
Exige-se muito mais
Dos teus esforços no mundo,
Recebeste de Jesus
Um dom sagrado e profundo.
Se a missão das mães terrestres
É conduzir e ensinar,
O teu trabalho é de agir.
No esforço de transformar.
Não olvides teus deveres
Na esfera da educação,
Fazendo de tua casa
A escola de redenção.
Um pai que deixa os filhinhos
Abandonados ao léu
Não corresponde no mundo
À confiança do céu.
Cuida bem dos pequeninos.
A educação tem segredos
Que devem ser estudados
Desde os tempos dos brinquedos.
A tua função no lar
Não é somente prover,
Mas adotar providências,
Procurando esclarecer.
Ensina os teus a gastar.
Quem vive muito à vontade
Pode encontrar a miséria
No fim da ociosidade.
Gastar somente o que é justo
É ser prudente e cristão.
Quem gasta o que não é seu
Faz dívidas de aflição.
Luta sempre, mas se os teus
Não te seguirem os trilhos,
Esperemos nesse Pai
De que todos somos filhos.
Na pobreza ou na fortuna,
Esforça-te, meu amigo.
Exemplifica o trabalho
E Deus estará contigo.
Referência:
XAVIER, Francisco Cândido (Casimiro Cunha). Cartas do Evangelho. Rio de Janeiro: FEB. 1940.
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