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"Eu sou o Colombo da minha alma e diariamente descubro nela novas regiões." | Gibran Khalil Gibran.

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sábado, 13 de fevereiro de 2010

O ANDARILHO DAS ESTRELAS


O escritor norte-americano Jack London consagrou-se ainda em vida. Foi autor de mais de cinqüenta romances, tendo alguns deles se tornado best-sellers, caindo no gosto do público. Um destes, pela relevância do seu conteúdo, merece destaque especial: O Andarilho das Estrelas. Constitui obra extraordinária, escrita com grande primor, reflete a genialidade do escritor.
O Andarilho das Estrelas não é uma ficção, uma invencionice, foi inspirado em fatos reais, mais particularmente, nos fatos insólitos que cercaram os últimos anos da vida terrena do professor universitário Darrel Standing.
Narremos, em poucas palavras, essa história no mínimo surpreendente.
Darrel Standing era professor da área de agronomia em uma Universidade do Estado da Califórnia, nos EUA. Teve um grave atrito com um de seus colegas, o também professor Haskell, que acabou assassinando. Isto ocorreu por volta de 1905. Ele, como conseqüência de seu ato, foi preso, permanecendo os últimos oito anos de sua vida promissora na Penitenciária de San Quentin. Destes oito anos, praticamente cinco passou em uma solitária, na maior parte do tempo atado à uma camisa-de-força.
Nesta situação desoladora, passou a vivenciar experiências extra-corpóreas, isto é, fora do corpo físico. Numa delas, enxerga o seu corpo amarrado na camisa-de-força, inerte, semi-morto, e percebe-se desligado do mesmo, com total consciência e lucidez. Este evento foi para ele estarrecedor, pois Standing era um cientista deveras cético, não acreditando em nada além da matéria. Pensava que o seu Eu fosse apenas uma excrescência do cérebro, vindo a mudar de opinião em função da experiência que sofrera, já que constatou que o seu Eu, na verdade, era algo independente do corpo físico, difícil de precisar.
Através de uma experiência extra-corpórea, que o Espiritismo chama de desdobramento, Standing chega sozinho às mesmas conclusões milenares de todas as religiões quanto a existência da Alma e quanto a sua independência em relação ao corpo. Mas as suas experiências não se limitaram à meras viagens astrais, seguiram um curso inesperado...
O professor Darrell Standing passou a recordar-se de suas existências passadas com uma clareza e riqueza de detalhes impressionantes.
Dezenas e dezenas de vidas passaram pela tela de sua memória, emergindo do inconsciente profundo, tal qual um filme em um cinema. Em muitas delas, identifica o que chamou de fúria assassina, que o levou a cometer inúmeros atos atrozes e que fora, igualmente, causa da sua perdição nesta vida. Um impulso atávico em descontrole. Vale frisar que Standing, antes cético, acaba se convencendo da realidade da alma imortal e da sua necessidade de reencarnar, além de compreender o por quê de suas misérias ao analisar o rol e o encadeamento das suas encarnações.
Uma das vidas passadas de que se lembrou é de excepcional valor, porque pôde ser confrontada com dados históricos bem documentados.
Darrel Standing lembrou ter sido Daniel Foss, um simples marinheiro norte-americano, que partiu a bordo de um navio, do porto da Filadélfia em 1809, com destino às Ilhas da Amizade. Ocorreu que o seu navio naufragou e ele foi o único sobrevivente. Abrigou-se em uma pequena ilha formada de rochas. Só conservou consigo um canivete e um remo. Naquela ilhota ficou por mais ou menos oito anos, alimentando-se com carne de foca e água da chuva empoçada nas saliências das pedras. Em seu remo marcava com o canivete cada semana que ali passava. E traçou, também, a seguinte inscrição:
“Serve esta para informar a pessoa em cujas mãos este Remo vier a cair que Daniel Foss, natural de Elkton, Maryland, um dos Estados Unidos da América do Norte, e que zarpou do porto da Filadélfia em 1809 a bordo do brigue Negotiator rumo às Ilhas da Amizade, foi lançado nesta ilha desolada em fevereiro do ano seguinte e ali erigiu uma cabana e viveu inúmeros anos, subsistindo com carne de foca – sendo ele o último sobrevivente da tripulação do dito brigue, que colidiu com uma ilha de gelo e naufragou aos 25 de novembro de 1809”.
Darrel Standing lembrava com minúcias desta encarnação. Recordou-se, ainda, de que Daniel Foss fora resgatado e, ao retornar à Filadélfia doou o seu remo a um museu local, junto com uma breve descrição do seu naufrágio. A partir desta lembrança, ocorreu à Darrell Standing a idéia de verificar a autenticidade de suas lembranças dirigindo uma carta ao Museu da Filadélfia para averiguar se lá, de fato, existia tal remo.
Para a sua surpresa, a carta foi respondida pelo próprio curador do museu, o Senhor Hosea Salsburty. Eis a sua transcrição:
“É verdade que existe aqui um remo como V. Sa. descreveu. Mas poucas pessoas sabem de sua existência pois ele não está em exibição ao público.
Na verdade, e já ocupo este cargo há dezoito anos, eu próprio não sabia de sua existência. Mas, consultando nossos antigos registros, descobri que tal remo foi-nos doado por um certo Daniel Foss, de Elkton, Maryland, no ano de 1821.
Não foi senão depois de longa busca que encontramos o remo, numa sala de madeirames diversos num sótão em desuso. As chanfraduras e o relato estão entalhados no remo, exatamente do modo descrito por V. Sa.
Está também em nossos arquivos um livreto, doado na mesma época, escrito pelo dito Daniel Foss e impresso em Boston pela firma N. Coverly, Jr. Esse livreto descreve oito anos da vida de um náufrago numa ilha deserta. É evidente que esse marinheiro, em sua velhice e passando necessidades, fez circular o dito livreto entre as almas caridosas.
Tenho muita curiosidade em saber como V. Sa. tomou conhecimento desse remo, cuja existência nós, do Museu, ignorávamos. Estarei correto em presumir que V. Sa. teria lido esse relato em algum documento posteriormente publicado por esse Daniel Foss? Terei a maior satisfação em receber quaisquer informações sobre o assunto e comunico a V. Sa. que estou tomando providências imediatas para recolocar o remo e o livreto em exibição.
Sem mais, firmo-me mui atenciosamente,
Hosea Salsburt”
Esta carta fala por si só. Ninguém mais sabia da existência daquele remo, perdido entre os demais objetos do museu. É, pois, uma das mais fortes evidências a favor da imortalidade e da reencarnação.
Darrell Standing ainda lembrou-se de inúmeras outras vidas. Redigiu um pequeno diário das suas experiências espetaculares. Este diário, em 1913, foi contrabandeado para fora dos muros da cadeia, no mesmo ano em que Standing, submetido à pena de morte, foi enforcado, tendo grande repercussão na época.
Foi justamente através dos relatos de Standing que Jack  Londou elaborou o seu incomparável O Andarilho das Estrelas. Não é uma obra espírita, mas é como se fosse. Sua narrativa é envolvente, absorvendo-nos a atenção em cada página, descrevendo e fazendo-nos contatar as intrincadas tramas do destino que encadeiam as diversas existências.
Jack London teve uma vida breve e intensa, viveu entre 1876 e 1916. Sua mãe era médium, comunicando-se rotineiramente com os Espíritos. Jack London nunca acreditou na veracidade do fenômeno mediúnico, mesmo tendo largas demonstrações do mesmo na intimidade do próprio lar. Cedo revoltou-se. Fugiu de casa. Correu o mundo. Foi pescador, garimpeiro, andarilho, até tornar-se jornalista e escritor de renome. Suas obras são parte da Literatura Universal, como O filho do lobo, de 1900, e O lobo-do-mar, de 1904, nelas expressando um realismo marcado pelo seu individualismo, o culto à experiência e, ao mesmo tempo, sua ânsia por reformas sociais.
Jack London sofreu sobre o seu pensamento a influência de Marx, Darwin e Nietzsche. Jamais acreditou na existência da alma, da imortalidade, do contato com os espíritos, da reencarnação... Aos quarenta anos de idade, bastante enfermo, suicidou-se. Custa acreditar que tenha sido ele o autor da seguinte afirmação em O Andarilho das Estrelas:
“A matéria é a grande ilusão. A matéria é a única ilusão. A vida é que é a realidade e o mistério. A vida persiste. A vida é o fio de fogo que persiste através de todas as manifestações da matéria. Eu sei. Eu sou a vida. Eu vivi dez mil gerações. Eu, o habitante desses muitos corpos, permaneço. Eu sou a vida. Eu sou a chama inextinguível, sempre a brilhar e a assombrar a face do tempo, sempre a trabalhar minha vontade e a descarregar minha paixão sobre os agregados terrenos da matéria, chamados corpos, que transitoriamente habitei. O Espírito é a realidade que permanece. Eu sou Espírito, e eu permaneço”.

2 comentários:

  1. Incrível esta história! Já estou anciosa pra ler este livro "O andarilho das estrelas"...
    E esta afirmação de Jack London realmente surpreendeu, passa profundas verdades sobre a vida imortal!
    Abraços e, mais uma vez parabéns pelo blog, está interessantíssimo!

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  2. A história é realmente impressionante. A riqueza de detalhes narrada pelo autor nos trasporta ao tempo. O mais interessante de tudo isso é que o autor não tinha 'nenhuma' ligação com o espiritismo. Outro romance do mesmo autor que vale a pena dar uma lida é ''Caninos brancos'', inclusive tem o filme.

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