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domingo, 4 de julho de 2010

UM ROTEIRO PARA A AUTODESCOBERTA


Joanna de Ângelis, através do médium Divaldo P. Franco, é um dos Espíritos que mais tem insistido na necessidade que cada um de nós têm de autodescobrir-se.
Em uma das suas obras mais interessantes, O Homem Integral, ela se expressa da seguinte maneira:
O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu autodescobrimento.
Não apenas identificação das suas necessidades, mas principalmente, da sua realidade emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das ocorrências do cotidiano.
Mediante o aprofundamento das descobertas íntimas, altera-se a escala de valores e surgem novos significados para a sua luta, que contribuem para a tranquilidade e a autoconfiança1.”
Enaltecendo a importância e a urgência do nosso autodescobrimento, Joanna de Ângelis, a partir da perspectiva espírita, apresenta-nos uma sugestão de roteiro para empreendê-lo desde já, não adiando-o ainda mais do que já o temos adiado.

1° Passo – Identificar as nossas necessidades.

Nem sempre é fácil fazer a distinção entre o necessário e o supérfluo, daí a premência de identificarmos as nossas necessidades reais. Muitas vezes, o supérfluo tem recebido de nós o status de necessidade, galvanizando nossa atenção e interesse, acabando por causar, assim, uma série de transtornos infundados e que poderiam ser evitados se repensássemos as nossas prioridades.
A nossa condição de Espíritos momentaneamente ligados a um corpo físico é que determina as nossas verdadeiras necessidades. Devemos sempre lembrar que o Espírito é imortal, vive sempre, enquanto o corpo é mortal – nasce, vive e morre, num ciclo bem conhecido. O que acontece na atualidade é que temos enfocado predominantemente as necessidades do corpo e deixado de lado as necessidades do Espírito. É justamente isto que precisamos mudar.
De um lado, temos que identificar as necessidades do corpo e, de outro lado, temos que identificar as necessidades do Espírito, procurado atendê-las na medida das nossas possibilidades.
Encontrar o ponto de equilíbrio entre as nossas diferentes necessidades, tanto as do Espírito quanto as do corpo físico, é uma tarefa muito difícil, mas que se impõem em caráter de urgência.
Abraham Maslow, pai da Psicologia Humanista, ao estudar o quadro variado das necessidades humanas propôs uma hierarquização das mesmas, começando pelas necessidades de subsistência e avançando até as de auto-realização. Segundo ele, a satisfação das necessidades corporais é fundamental para que se possa atender as necessidades de ordem psicológica, nas quais inserimos as necessidades espirituais.

2° Passo – Identificar a nossa realidade emocional.

A nossa realidade íntima é essencialmente emocional, revelando o estado em que o nosso Espírito se encontra. Ela se manifesta na forma como sentimos ou vivenciamos as coisas do mundo de fora e as do mundo de dentro, experimentando alegria ou tristeza, calmaria ou raiva, prazer ou descontentamento, etc.
Conhecer esta realidade, portanto, é imprescindível para a nossa autodescoberta.
Não podemos mais ignorar o que se passa em nossa intimidade, cabendo-nos identificar as sensações e os sentimentos que caracterizam o nosso modo de ser e de se comportar.
Após a constatação e o estudo minucioso da nossa realidade emocional, poderemos atuar nela com firmeza e segurança, reforçando o que está bom e modificando o que precisa ser modificado.
Se, por acaso, identificarmos em nós a frequência repetida da irritação, da raiva, do ódio, etc., teremos descoberto os focos de desajustes responsáveis pela nossa desarmonia e infelicidade, dando início ao trabalho moroso da nossa auto-transformação.

3° Passo – Identificar as nossas aspirações legítimas.

Sabedores de que somos Espíritos, é importante sempre nos fazermos a seguinte pergunta: o que nos trouxe a este mundo? Por que estamos aqui? A resposta a esta pergunta fará luz sobre os objetivos da nossa atual encarnação e nos auxiliará no processo de avaliação das nossas aspirações, daquilo que mais desejamos.
Não é raro termos sonhos e desejos que nos acompanhem desde a infância, teimando em se manifestar em nosso ser. De onde ele vêem?! Na maioria das vezes, guardam relação estreita e profunda com as razões que nos trouxeram ao mundo. Não podemos, deste modo, em hipótese nenhuma, menosprezá-los, muito pelo contrário, devemo estar atentos às suas manifestações, pois são fontes preciosas para o nosso autodescobrimento.
Quantas pessoas se acham frustradas e tristes, vivendo simplesmente por viver, sem uma motivação que as emulem e animem! Caso atentassem mais às suas aspirações, aos seus sonhos aparentemente impossíveis, aos seus desejos mais recônditos, possivelmente suas vidas seriam diferentes, porque embaladas e dirigidas pelo fio condutor dos ideais nobres.
Devemos sempre estar atentos, pois podemos estar passando pelo mundo, infiéis à nossa programação espiritual, não realizando aquilo que tínhamos que realizar...
Alinhados às nossas aspirações legítimas, concretizando nossos sonhos e desejos, estaremos crescendo e evoluindo pessoalmente, contribuindo, assim, para o crescimento e a evolução deste mundo e de todos os seus habitantes.

4° Passo – Identificar as nossas reações diante das ocorrências do cotidiano.

O mundo que nos é exterior e os relacionamentos que mantemos, servem-nos de espelho para o ser espiritual, pois neles é que percebemos o impacto da nossa identidade e do nosso comportamento.
Por intermédio de um processo dialógico (nós, o mundo e os outros), formamos uma visão precisa sobre nós mesmos, a partir do momento que identificamos as nossas respostas aos estímulos advindos do mundo e as nossas reações ao comportamento dos nossos semelhantes.
Em nossas vivências diárias, portanto, as nossas reações aos outros, dão conta da nossa realidade interior, que acabam se tornando uma espécie de índice da nossa elevação espiritual.
Como estamos reagindo às agressões, aos ataques e às intrigas que invariavelmente recebemos?! Estamos reagindo da mesma forma, com novas agressões, ataques e intrigas, ou estamos agindo com superioridade, sabendo compreender, tolerar, perdoar e amar?!

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1FRANCO, Divaldo P. (Espírito Joanna de Ângelis). O Homem Integral. 4.ed. Salvador (BA): LEAL Editora, 1990. p.18-19.

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