Toda sogra que há na vida,
No caminho meu e teu,
Será sempre mãe querida
- Outra mãe que o Céu nos deu.
Deus recomenda isso em paz,
Se hoje estás na oposição.
Mais tarde, concordarás
Na lei da reencarnação.
Guarda esta simples verdade -
Das lições de mais valor:
Deus criou a Humanidade
Para a vitória do amor.
Se não crês no que te digo,
Se estimas lutas no lar,
Escuta, meu caro amigo,
A história que vou contar:
***
"Sogra, não! Nem à custa de madraca!"
-Gritava Nhô Tatão de Albergaria -
"Só de encontrar Nhá Bela, tenho azia,
O que sinto se vejo jararaca."
Se a sogra vinha em casa, discutia,
Xingava o perdigueiro, punha a faca...
Mas, certa vez, Tatão, caçando paca,
Teve ataque e morreu no mesmo dia!...
Desencarnado, em trevas, quis mais prova
E renasceu da esposa, moça nova,
Em novo lar no Sítio da Cancela...
Hoje, só quer vovó, o dia inteiro,
É um menino gorducho e beijoqueiro,
No colo carinhoso de Nhá Bela...
Referência:
XAVIER, Francisco C. Poetas Redivivos. 1.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1969. p.16-17.
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