Danilo estava no hospital,
Tinha 63 anos,
Era novo, cheio de planos...
Arrogante, se achava o tal.
O câncer estava espalhado
Por todo o sistema linfático
Tornando-o fraco e apático,
Cada vez mais prostrado.
Nunca se preocupou em saber
À respeito das coisas da alma,
Só queria vida boa e calma:
Mulheres, bebidas, festas, prazer...
Não constituiu uma família
Com esposa, filhos e netos.
Vivia só, carente de afetos.
Era infeliz, mas não sabia!
Em ritmo acelerado, frenesi,,
Queria apenas o próprio bem,
Não se interessava por ninguém,
Egoísta, só pensava em si!
Mas a vida passou depressa
E ele, no leito hospitalar,
Encontrou tempo para meditar,
Chegando até a fazer promessa...
Disse a Deus que se fosse curado
Mudaria por completo a sua vida,
Faria o bem de forma repetida
A quem estivesse do seu lado.
Comprometia-se em orar mais,
Buscando as diretrizes do Céu
Para não caminhar mais ao léu,
Ignorante das coisas espirituais!
No entanto, chegara a hora
Do instante derradeiro,
Triste fim de um aventureiro
Que jogou a vida fora...
Danilo despertou
Após longa perturbação
Num lugar de desolação
Que para si mesmo buscou.
A morte estabelece
Com matemática precisão
A exata e justa posição
Que cada qual merece.
Bons e maus, do Outro Lado,
Sofrem em si a consequência
Da maldade ou da benevolência
De cada ato praticado.
Danilo vacilara...
Estava desesperado,
Triste e envergonhado
Da vida que levara.
“Ah, se eu soubesse...”
Ruminava, arrependido,
Entre lamentos e gemidos
Improvisando uma prece:
“Oh, Senhor! Tende piedade
Dos erros que cometi,
Da vida que vivi,
Ignorante da Verdade...
Tira-me deste antro
De sombra e perdição,
De angústia e inquietação,
De medo e de pranto!”
Deus, em sua bondade infinita,
Sempre escuta aquele que ora
Enviando socorro sem demora
Para a alma frágil e aflita.
Então, uma luz rasgou a treva
E Danilo ficou espantado
Ao reconhecer ao seu lado
A presença da mãe, D. Eva.
Num reencontro comovente
Filho e mãe se abraçaram
E de mãos dadas abandonaram
Aquele abismo deprimente...
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