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"Eu sou o Colombo da minha alma e diariamente descubro nela novas regiões." | Gibran Khalil Gibran.

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domingo, 20 de junho de 2010

O AUTODESCOBRIMENTO E A CONQUISTA DE SI MESMO



No centro da maioria das propostas religiosas, tanto as do passado quanto as do presente, acha-se a questão do autodescobrimento, como caminho para a compreensão espiritual e, por conseguinte, para a realização íntima.
Jesus, por exemplo, recomendou o seguinte: “Buscai, primeiramente, o Reino de Deus para que todas as outras coisas vos sejam acrescentadas1. A afirmação não poderia ser mais clara, o que deve vir em primeiro lugar, no conjunto das nossas preocupações, é o Reino de Deus. Pode-se, no entanto, perguntar: o que é este reino e onde está ele? O Reino de Deus pode ser interpretado de diferentes maneiras e ele está referenciado através de inúmeras metáforas nos Evangelhos, como sendo a semente, o fermento, a vinha, etc. Quanto à sua localização, Jesus é bem explícito: “(...) o Reino de Deus está dentro de vós2.
Na perspectiva cristã, deste modo, a busca de si mesmo, isto é, o autodescobrimento, ganha destaque, merecendo prioridade daqueles que se afirmam cristãos. O Cristianismo, ao longo da sua História, contou com grande número de místicos, que souberam penetrar no sentido profundo dos ensinos de Jesus, tendo conseguido encontrar o Reino de Deus porque, afinal, encontraram a si próprios.
Apoiando-se na tradição cristã, o Espiritismo, igualmente, centraliza em suas propostas o autodescobrimento, entendendo-o como “(...) o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal3. Sob este ponto de vista, é através do autodescobrimento que vamos nos melhorando, corrigindo o que está errado em nosso íntimo e evitando as quedas sucessivas em nossos pontos de vulnerabilidade.
O Espírito Camilo, através do médium José Raul Teixeira, numa belíssima mensagem intitulada O Reino e nós, na qual analisa as citações evangélicas que apresentamos acima, afirma que “(...) somente lograremos a ventura que anelamos, o equilíbrio que ansiamos, a vida que esperamos, brilhante e gloriosa, quando tivermos conquistado nosso próprio âmago4.
Nos dias atuais, em que nos atiramos à tantas canseiras em razão das coisas de fora, é de bom alvitre atentarmos um pouco, pelo menos um pouquinho, para as coisas de dentro, do nosso mundo íntimo, que a maioria de nós insiste em ignorar...
Importa no questionarmos se tudo o que temos conquistado na vida, no campo material, tem nos plenificado, ou apenas gerado mais insaciedade? Às vezes, tem-se a impressão de que corremos muito e o tempo todo, mas atrás de coisa nenhuma! Quantos, iludidos com o sucesso financeiro, que vem e que passa, tão rápido como a brisa, abandonam seus valores e princípios, pisam e esmagam amigos e familiares, não medindo esforços para ganhar mais e mais...
O Cristianismo e o Espiritismo, bem como a maioria das religiões e filosofias espiritualistas, repetidamente evocam a nossa atenção para o nosso mundo interior, pois, em última análise, é o único que temos de verdade, não passando o mundo exterior de um pálido reflexo, que jamais o traduzirá fielmente, contemplando toda a sua complexidade e magnificência.
Assim, ao invés de nos apoquentarmos tão-somente com as conquistas de fora, deveríamos nos concentrar, antes de mais nada, na conquista de nós mesmos, mediante o autodescobrimento, que é o caminho obrigatório para uma vida mais harmônica e feliz.
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1Lucas, 12:31.
2Lucas, 17:21.
3KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 3. ed. (bolso) Brasília, DF: FEB, 1997. Questão 919, p.423.
4TEIXEIRA, José Raul (Espírito Camilo). Cintilação das Estrelas. 1.ed. Niterói, RJ: Ed. Fráter, 1992. p. 64.

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