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"Eu sou o Colombo da minha alma e diariamente descubro nela novas regiões." | Gibran Khalil Gibran.

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terça-feira, 20 de abril de 2010

UM DIA COM O MESTRE - PARTE IV


IV – O Mestre esclarece para onde vamos

A tarde avançava tranquila.
Os raios solares banhavam a todos com uma branda luz dourada.
O ambiente, por si só, já era um convite à elevação e a presença do Mestre transformava as consciências, fazendo cada um acreditar no melhor de si mesmos, do outro, do mundo...
Junto ao Mestre tudo parecia ser possível. A solução para o problema difícil, a coragem para a reconciliação, a força para superar a circunstância infeliz, o perdão irrestrito, o amor incondicional...
Foi nesse clima de estasia que seguiu o Mestre ensinando:
- Ah, meus irmãos! A vida neste plano é tão breve. Por mais longa que seja é sempre breve... É quase incompreensível que vos atormenteis tanto durante um período de tempo que é por demais curto. Quantas canseiras, aflições e angústias desnecessárias! Quantos atritos e desentendimentos por coisas vãs! Muitas vezes um momento de irreflexão tem custado a paz de toda uma existência. Do berço ao túmulo, a vida passa célere, num átimo. De um instante para outro, a morte chega de surpresa, e ela chega depressa, lançando a criatura de chofre em uma nova realidade, como se estivesse diante de um espelho, vendo a si mesma como de fato é, sem ilusões, sem máscaras. Para a maioria, infelizmente, é um episódio doloroso, pois não se preparou como convinha para o mesmo.
Matias, ardoroso seguidor do Mestre, pediu-lhe:
- Mestre! Fala-nos mais sobre as moradas espirituais que nos aguardam depois da morte!
O Mestre, prontamente, pôs-se a falar:
- São infinitas as moradas espirituais e são infinitas também em sua tipologia. Cada ser, ao morrer, abandona o corpo de carne e segue para a morada espiritual que lhe é própria, que possui as mesmas características que carrega consigo mesmo. Tudo é regido por leis invisíveis, estatuídas pela Divindade, para regular todos os acontecimentos. O processo da morte e do despertar em nova realidade não fogem à regra. O ser sempre está, na carne ou fora dela, no lugar certo, nunca há equívocos. Assim, com a chegada da morte, o ser defronta-se com as condições que criou para si mesmo, habitando a morada espiritual que merece.
- Mestre! - tornou Matias, interessado na temática – Observai que nós aqui estamos ouvindo-te, desejosos de esclarecer-mo-nos. Todos estamos aprendendo... Isto influenciará nossa sorte futura, na vida depois da morte?
Respondeu o Mestre, cheio de sabedoria:
- Todo desejo de aprender, de crescer, de evoluir, é bom, mas não garante uma posição venturosa na vida espiritual. Se um aluno tem sede de conhecimento, porém nada lê e nem presta atenção nas palavras de seu professor, possivelmente morrerá daquela sede. O que quero dizer é que não basta o desejo, a intenção, é indispensável a ação, a prática, a vivência. Isto sim influenciará a sorte futura, de forma determinante, reservando ventura ou desventura na vida que segue além da morte. Aquele que tem compaixão apenas para si e nunca para os outros, por exemplo, não precisa esperar compaixão na morada espiritual para onde seguirá. A cada um segundo suas obras. Após a morte, o indivíduo bom gozará os frutos da sua bondade e o indivíduo mal gozará os frutos de sua maldade. Tudo é muito simples de entender...
Tocado pelas informações claras e objetivas, Matias perguntou:
- Mestre! É possível, como asseveram alguns, obter-se notícias dos nossos afetos que a morte arrebatou de modo precoce?
O Mestre, compreendendo a gravidade da pergunta, respondeu:
- É possível não só obter-se notícias sobre eles como também comunicar-se diretamente com eles. Dias virão, num futuro distante, em que as barreiras que separam vivos e mortos serão atenuadas, podendo cada um, por si mesmo, manter o contato afetuoso com aqueles que se foram... Ah, Matias! Entendo bem o porquê de tua pergunta. Tua mãe recentemente abandonou o corpo de carne e, intimamente, desejas saber como ela está. Apascenta, pois, o teu coração. Tua mãe está bem. Acha-se numa morada de paz e freqüentemente lhe tem feito visitas. Vejo-a, neste momento, ao teu lado, segurando tua mão, embora tu conscientemente nada percebas. Ela pede para que eu lhe diga que, na noite anterior, quando tu sonhaste com ela, não foi apenas um sonho, mas um encontro que os vossos espíritos tiveram. Deves seguir os conselhos que ela lhe deu, para que consigas contornar o drama familiar em que estás situado e que não é preciso explicitar.
Matias emocionou-se, sentidas lágrimas lhe molharam a face, fora surpreendido agradavelmente com a notícia da sobrevivência da mãe e do contato estreito que mantinham.
O crepúsculo chegara de forma imperceptível e dominara o ambiente.
O Mestre, então, concluiu o seu dia de pregação e iluminação dizendo:
- Abarcastes hoje, num golpe de vista, a súmula de todos os enigmas da vida. Descobristes o que muitos seguem ignorando. Sabeis agora quem sois, de onde vindes, porque estais aqui e para onde ides! Vos ofereci, através de um diálogo franco, um mapa e vos apontei a direção que deveis tomar. O resto é convosco. Bem-aventurados sois vós que desvendaram o conjunto dos mistérios e que iniciarão uma nova marcha, uma marcha coração adentro, em busca de si mesmos, da simplicidade, do amor, da paz... Que Deus, nosso Pai, possa derramar sobre todos nós que aqui nos reunimos as suas preciosas bênçãos, fazendo com que cada um sinta-se bem e possa seguir amparado até o seu lar.
Assim, através de uma simples prece, o Mestre despediu a multidão que, aos poucos, foi se afastando.
Aquele fora um dia inesquecível.
Os que privaram da presença do Mestre e ouviram as suas lições lúcidas guardavam no íntimo a certeza de que a partir dali suas vidas seriam completamente diferentes.
E elas foram...

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