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domingo, 18 de abril de 2010

O LIVRO DOS ESPÍRITOS - 153 ANOS





No dia 18 de abril de 1857 aparecia na cidade de Paris a primeira edição de O Livro dos Espíritos. Era um livro diferente de qualquer outro que já havia sido publicado: os seus autores eram os Espíritos. Despertando a atenção geral, poucos meses depois do seu lançamento a obra já estava esgotada.
O Livro dos Espíritos vinha assinado por Allan Kardec, que era um pseudônimo, um nome fictício, adotado por um célebre educador francês, Hippolyte Léon Denizard Rivail. Quanto à sua origem, esta obra possui uma dupla natureza: de um lado, apresenta as comunicações dos Espíritos e, de outro, o trabalho de organização e análise feito por Kardec.
Monumental diálogo entre os vivos e os impropriamente chamados de mortos, O Livro dos Espíritos constitui um conjunto de perguntas e respostas expressando uma nova visão da vida e da criatura humana.
Insistindo que o mérito da obra cabia exclusivamente aos Espíritos, não podemos ignorar que Allan Kardec desempenhou um papel fundamental na gênese e concepção da mesma. A sua genialidade está refletida em cada página de O Livro dos Espíritos. Organizou as informações trazidas pelos Espíritos de uma forma primorosa, sistematizando-as com clareza e lógica. Os assuntos abordados estão arranjados de tal maneira que decorrem uns dos outros, demonstrando uma unidade surpreendente.
O trabalho e a importância dos Espíritos são inseparáveis do trabalho e da importância de Kardec quando à produção de O Livro dos Espíritos. Para avaliar isto melhor, é preciso conhecer o modo como ele surgiu, destacando que não foi uma revelação que veio pronta e acabada da parte dos Espíritos; foi antes uma produção lenta e laboriosa que não prescindiu do concurso da observação, da razão e da lógica.
Foi em 1854 que Allan Kardec ouviu falar pela primeira vez nos fenômenos espíritas. Permaneceu, de início, numa posição de dúvida, que durou até assistir a uma sessão em que pôde observar a ação inteligente dos Espíritos.
Era uma terça-feira do mês de maio do ano de 1855, na casa da Sra. de Plainemaison, quando Kardec confirmou a autenticidade do fenômeno através de evidências inequívocas. Diante dele abriam-se as portas de um novo mundo que passaria a investigar infatigavelmente.
Na casa da Sra. de Plainemaison, Kardec teve a oportunidade de conhecer o Sr. Baudin e de ser convidado para participar das sessões que ocorriam na casa dele, onde funcionavam como medianeiras suas duas filhas, Júlia e Carolina, ambas adolescentes, um com 14 e outra com 16 anos de idade.
Allan Kardec torna-se um frequentador assíduo das sessões na casa da família Baudin. As manifestações mediúnicas se davam através de uma pequena cesta, descrita por Kardec em O Livro dos Médiuns e batizada de cesta pião, porque ela era atravessada em seu centro por uma espécie de lápis, apoiada sobre uma ardósia, um tipo de lousa, onde os caracteres eram traçados. As meninas Baudin depositavam suas mãos nas bordas da cesta e em instantes a mesma se punha em movimento. Este tipo de comunicação com o Mundo Invisível evidenciava a independência do pensamento dos Espíritos em relação ao pensamento dos medianeiros, já que seria impossível a coordenação de movimentos entre os médiuns, ainda mais entre duas adolescentes, para responder de forma precisa às perguntas que eram apresentadas sem o seu prévio conhecimento e respondidas de forma rápida e lógica. Mediante este processo, Kardec obteve as mais interessantes e sublimes comunicações espíritas.
O caráter inicial das sessões espíritas na casa da família Baudin, que eram presididas por um Espírito que se deu a conhecer como Zéfiro, era um tanto frívolo. As pessoas reuniam-se ali para divertirem-se. Passavam horas seguidas em diálogos ociosos com os Espíritos, atendendo aos seus caprichos, curiosidades e futilidades. Quando Kardec passou a participar destas sessões, conferiu, com o tempo, um cunho de seriedade às mesmas, objetivando a instrução de si mesmo e dos demais participantes.
Allan Kardec, na intimidade de seu lar, começou a preparar uma série de perguntas a serem feitas aos Espíritos, nas sessões mediúnicas em que tomava parte, sobretudo na casa da família Baudin. Paulatinamente, as perguntas e respostas que vinha acumulando foram assumindo a forma de uma doutrina. Kardec organizou-as de forma sistemática e as publicou em um livro. Nascia assim O Livro dos Espíritos.
Nota-se, deste modo, que O Livro dos Espíritos foi fruto não só das informações dadas pelos Espíritos mas também do labor intelectual de Kardec. Surgia no mundo o Espiritismo. É importante ressaltar que até a designação da nova doutrina, que tinha como princípio fundamental as relações com o mundo espiritual, apareceu pela primeira vez neste livro. Tratava-se de um neologismo, um termo novo, para identificar uma coisa nova, que era o conjunto dos ensinamentos dos Espíritos analisados e estruturados de forma a atender as exigências da razão e da lógica.
Depreende-se, então, a importância de O Livro dos Espíritos, assinalando a origem do Espiritismo e, igualmente, marcando o início de uma Nova Era para a Humanidade. A sua leitura, estudo, análise, reflexão e meditação, constitui meio essencial para apropriar-se dos informes transcendentes que trás sobre a nossa origem, a nossa natureza, o porquê das nossas dores, as causas reais dos nossos sucessos e insucessos, os enigmas das relações parentais, a nossa destinação, em uma palavra, a nossa realidade espiritual.
Não há melhor maneira de comemorarmos os seus 153 anos do que fazendo a leitura e o estudo desta obra extraordinária, verdadeira síntese de todo o conhecimento que a humanidade vem acumulando ao longo dos séculos, e, a partir desta leitura e estudo, transformarmos nossa existência, pautando-a pelos ensinamentos sublimes que ela encerra.

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