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"Eu sou o Colombo da minha alma e diariamente descubro nela novas regiões." | Gibran Khalil Gibran.

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quinta-feira, 15 de abril de 2010

UM DIA COM O MESTRE - PARTE II


II – O Mestre esclarece de onde viemos

Bartolomeu, quebrando a quietude ambiente, aproxima-se do Mestre e lhe indaga:
- Mestre! Se saímos das mãos da Divindade, tendo sido projetados pela sua Magnânima Sabedoria, quando isto teria acontecido? Teria, por acaso, ocorrido no momento de nossa concepção?
O Mestre, paciente, informou:
- Bartolomeu, Deus possui os seus segredos... Vossa mente é ainda incapaz de compreender os enigmas cósmicos de que fazeis parte. O vosso Espírito já existia há muito tempo antes da concepção. Quando ele foi criado, no entanto, é coisa que não tenho como vos dizer, porque não me compreenderíeis. Saístes da Divindade, como as palavras saem de minha boca neste momento, por efeito da sua vontade. O tempo e o espaço, como os entendeis, não existiam. É como se cada Espírito fosse uma realidade específica, uma flecha artesanal lançada na direção do sem-fim...
Bartolomeu, manifestando incompreensão, asseverou:
- Mestre! Compreendo que Deus me criou, no entanto, não consigo entender como pode ter me criado antes da concepção, como pode ser isto?
- Vós todos sois crianças espirituais – exclamou o Mestre de forma branda – pois não compreendeis as coisas mais simples da existência. Acaso julgais que fostes feito no mesmo momento que o corpo de carne? Ledo engano! Se assim fosse, Bartolomeu, como explicar as diferenças que existem entre ti e os teus irmãos? Acaso André e Zaqueu não receberam em casa a mesma educação que recebestes? Como pode ser então que os três tenham personalidades tão estranhas entre si? Vós e André, por exemplo, estão freqüentemente em oposição, nem parecendo irmãos consanguíneos. Em verdade, em verdade vos digo: cada um de vós é anterior ao corpo de carne, sendo hoje, o que fostes ontem, pois em tudo há continuidade e nunca será demasiado repetir que vós sois os herdeiros diretos de vós mesmos.
- Mestre – suplicou Bartolomeu -, explicai-nos melhor isto. Se existíamos antes do corpo carnal, onde estávamos?
O Mestre, então, seguiu sua explanação:
- Não vos ensinei, outrossim, que na Casa do Pai há muitas moradas?! Cada uma destas moradas abriga seres em conformidade com as suas características, podendo ser material ou não. A morada que vos falo, entretanto, refere-se a habitação do Espírito. Antes e depois da morte, cada Espírito acha-se no lugar que lhe é próprio. As moradas espirituais, assim, variam ao infinito e impossível seria descrevê-las todas. Todos, sem exceções, viemos de uma morada espiritual determinada e, após a morte do corpo carnal, retornaremos a ela.
- Mestre, - interpelou mais uma vez Bartolomeu – falai-nos mais sobre estas moradas. São lugares de alegria e ventura?
- Ah, Bartolomeu! - tornou o Mestre – Quão escassos são os vossos conhecimentos sobre as verdades do Espírito! Infelizmente, nem todas as moradas espirituais são de alegria e ventura, conforme indagastes, muitas são de dor e sofrimento. Não vos tenho dito: A cada um será dado de acordo com as suas obras? Pois as diferentes moradas espirituais constituem a consagração deste princípio. Repito: antes do nascimento e depois da morte, cada um encontra-se na morada espiritual em que melhor se enquadre por afinidade. Seria justo os maus e os bons habitarem o mesmo lugar?
Bartolomeu, ainda confuso, questiona o Mestre:
- Oh Mestre, ajudai-me a entender, como é possível que alguém possa vir de uma morada espiritual de dor e sofrimento para a Terra, acaso a Divindade a amaldiçoou?
O Mestre sorriu, ante a ingenuidade da pergunta, e esclareceu com ternura:
- Bartolomeu, Bartolomeu! Deus jamais amaldiçoa! Se o fizesse, seria como amaldiçoar a si mesmo, pois tudo é obra sua... Compreendei bem: aqueles que se acham numa morada espiritual de dor e sofrimento antes de virem para a Terra, é porque, em outra vida, procederam mal. Portanto, apenas sofrem as conseqüências dos próprios atos.
Espantado, Bartolomeu interrogou:
- O quê, temos então mais de uma vida?
- Como poderia ser diferente? - ponderou o Mestre – Como explicar as desigualdades existentes no mundo sem a doutrina das muitas vidas? Por que uns são ricos e outros miseráveis? Uns doentes e outros saudáveis? Uns alegres e outros tristes? Uns belos e outros feios? Não vos iludais, esta não é a primeira vez que estivestes aqui. Cada um de vós possuís inumeráveis existências!!! Bartolomeu, vós e vosso irmão André, já estiveram outras vezes juntos na Terra, conservando o mesmo antagonismo, porque um tem ferido o outro repetidas vezes ao longo do tempo. A vossa mãe, é o anjo da bondade, que tem estado a vosso lado, reunindo-os sucessivamente ao coração, na tentativa de que venhais a vos reconciliar de uma vez por todas um com o outro. Percebeis como nada é por acaso, tudo tem sua razão de ser na vida! Portanto, Bartolomeu, perdoai vosso irmão, se desejais também ser perdoado.
Bartolomeu, banhado em lágrimas, cumprimentou e agradeceu demoradamente o Mestre, que o fez ver que precisava resolver seu drama particular com o irmão antes de prosseguir o aprendizado das verdades eternas.
O sol estava à pino, aproximava-se o meio dia, a multidão já não conseguia mais manter o mesmo nível de atenção.
Ordenou o Mestre que fizessem uma pequena pausa para comerem algo e, em seguida, para aproveitar bem o tempo, continuar com o colóquio esclarecedor.
Naquele mesmo momento, alguns discípulos se puseram a repartir o pão entre os presentes.
Todos comeram em silêncio e em paz.

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