Vivemos em um mundo extremamente competitivo, onde todos desejam estar em evidência. Para tanto, recorre-se ao sucesso, constituindo o melhor meio de atingir este objetivo. Muitas pessoas, contudo, têm buscado o sucesso incansavelmente, mas sem encontrá-lo nunca. Em razão disto, tornam-se frustradas, deprimidas e infelizes.
Como explicar o sucesso de uns e o fracasso de outros? E será mesmo que todo sucesso é sucesso, e todo fracasso é fracasso? De que forma rumar do fracasso para o sucesso?
Embora pareça simplista, tudo se resume ao ponto de vista com o qual se considera o sucesso.
Acompanhe a seguinte história:
Edward era um homem rico e próspero. Embora tenha nascido pobre, com inteligência e habilidade, edificou um poderoso império a partir do nada. Tornou-se o diretor de uma grande corporação que investia no mercado imobiliário. O seu sucesso não veio de graça, Edward trabalhava exaustivamente. Casou e teve três filhos. Viviam numa mansão, gozando de todo conforto e mordomia imagináveis. Como trabalhava muito, não tinha tempo para dar a devida atenção à sua família. Nunca conseguiu criar um vínculo emocional profundo com a esposa, muito menos com os filhos... A esposa, amargurada, acabou tornando-se dependente do álcool, bebendo sem controle. Era infeliz em seu íntimo, mas feliz aos olhos da sociedade. Os filhos, sem o suporte necessário, seguiam desorientados. Edward, estafado tanto pelos problemas domésticos quanto pelos empresariais, sofreu um ataque cardíaco e morreu, com 46 anos de idade, bem às vésperas de fechar mais um importante negócio.
Considerando a história acima pode-se perguntar: Edward alcançou o sucesso em sua vida? Do ponto de vista material a resposta é afirmativa, pois conseguiu formar um verdadeiro império, com muito dinheiro e com muitas propriedades. Mas, e do ponto de vista emocional, afetivo, familiar, etc., será que Edward também foi bem sucedido? Evidente que não. Edward soube cuidar apenas das coisas de fora, não das coisas de dentro... Cabe ainda uma outra pergunta, talvez a mais importante de todas: o tremendo sucesso de Edward valeu à pena?!
É preciso parar e refletir, porque a maioria das pessoas está buscando o sucesso de Edward e tendo o mesmo fim que ele.
Todas as religiões ensinam a imortalidade, afirmando que somos espíritos que estamos no mundo, mas que não pertencemos à ele. Assim como entramos nele pela porta do nascimento, sairemos dele pela porta da morte. E este período, entre o nascimento e a morte, por mais longo, é sempre muito curto. Edward que o diga! O sucesso, exclusivamente material, portanto, não nos serve, pois não nos satisfaz de forma plena.
Como somos espíritos que estamos na matéria, ainda que transitoriamente, nós compomos um todo interdependente. Privilegiar o espírito ou a matéria, gera desequilíbrio e sofrimento. Precisamos encontrar um caminho para atender satisfatoriamente tanto um quanto outro. Conseguir isto, é conseguir o sucesso.
Jesus, em sua profunda sabedoria, apresentou a fórmula do sucesso na seguinte afirmação: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será acrescentado1”. O Reino de Deus, aqui, simboliza a realidade espiritual, enquanto a sua justiça, o conjunto de princípios que a estruturam e mantém. Diante disto, não podemos, conforme temos feito até agora, valorizar tão somente a matéria, que está representada no sucesso de Edward, ignorando por completo a nossa condição de espíritos imortais.
O sucesso, que complementarmente atenda as nossas necessidades materiais e espirituais de forma equilibrada, depende da mudança do nosso ponto de vista, vivendo no corpo físico e satisfazendo as suas demandas, mas enxergando, identificando e buscando tudo aquilo que é mais importante para o espírito.
O escritor e pregador norte-americano, Norman Vincent Peale, refletindo sobre a sentença evangélica citada acima, afirma que são necessárias “(...) quatro coisas para o sucesso: trabalhar e orar, pensar e acreditar”. Estas quatros coisas podem representar diferentes etapas no caminho que leva ao sucesso, sendo que cada uma delas foi definida por um verbo, indicativo de ação, movimento. Modificando um pouco a ordem das etapas, temos então uma proposta de caminho para o sucesso que, como qualquer caminho, só serve se alguém seguir por ele, de onde está para onde quer chegar.
Primeira etapa – o pensamento e o pensar.
O pensamento é a base de tudo. Buda ensinava que cada um de nós é aquilo que pensa. O pensamento configura a nossa realidade específica, a nossa identidade e a nossa existência. Descartes sintetizou isto através da sua célebre afirmação: “Penso, logo existo!” O pensamento, emitido pela mente, forma um fluxo contínuo e ininterrupto que é o responsável pela sustentação da nossa individualidade.
Produzindo milhares de pensamentos por dia, em sua maioria surgindo sem qualquer percepção, controle ou direção de nossa parte, a mente e o seu pensar merecem uma atenção especial. Como a mente e os pensamentos constituem o substrato de toda a nossa realidade, tanto a que percebemos quanto a que não percebemos, é, pois, justamente ali que nascem os impulsos que nos conduzirão ao sucesso ou ao fracasso, à felicidade ou à infelicidade, à saúde ou à doença...
Por isso, precisamos nos voltar para dentro do mundo de nossa mente e das suas criações, adquirindo autoconhecimento e, consequentemente, assumindo, em definitivo, a responsabilidade pelo que somos e fazemos.
Guiados pela compreensão espiritual, quando pensarmos, que os nossos pensamentos revelem o nosso comprometimento com os ideais superiores do amor e da sabedoria, da bondade e da beleza, do conhecimento e da virtude.
A nossa mente, pensando bem e pensando no bem, aos poucos, reconfigurará a nossa realidade interior, projetando os seus reflexos na realidade exterior, tornado-a melhor e favorecendo o nosso sucesso em todos os sentidos.
Segunda etapa – a crença e o acreditar.
Cada um de nós é um espírito que já vivia antes do atual corpo físico e que continuará a viver depois que ele não existir mais. Quando encarna (encarnar = entrar na carne = nascer no corpo físico) no seio de uma determinada família, sociedade, cultura, o nosso espírito as influencia e é por elas influenciado. Nesse jogo de mútuas e recíprocas influências, forma-se o nosso sistema de crenças, a partir do qual interpretaremos a nós mesmos, os outros e o mundo.
Nossa mente e os nossos pensamentos funcionam dentro do nosso sistema de crenças, trazendo a sua marca. Muitos de nós, pelas experiências que resultaram no que somos hoje, formulamos um sistema de crenças negativo, em que nos menosprezamos, cremos que não merecemos a felicidade, mesmo quando tudo está dando certo achamos que algo vai acontecer e estragar tudo... Nosso sistema de crenças, quando negativo, precisa ser mudado, porque do contrário, estaremos fadados à infelicidade e ao insucesso.
Antes de mais nada, é preciso um minucioso exercício de autoconhecimento, que leva muito tempo, a fim de identificar os elementos principais que compõem o nosso sistema de crenças. Feito isso, inicia-se um novo processo, não menos demorado que o anterior, de trabalhar no sistema de crenças, reforçando as positivas e transformando as negativas. Como cada crença está introjetada em nós de uma forma arraigada, não será nada fácil a sua modificação, exigindo uma vontade forte e persistente para modificá-la. Se, por exemplo, nos sentimos inferiores aos outros, devemos monitorar a ocorrência deste complexo de inferioridade, tomando consciência do mesmo sempre que ele se manifestar e opondo-lhe toda resistência possível, até que nos aceitemos como somos, sem mais eleger os outros como parâmetro de comparação.
As nossas crenças têm o poder de moldar a nossa realidade porque acreditamos nelas. Caso nossa vida não esteja bem, provavelmente estejamos dando poder às crenças erradas.
O sucesso e o insucesso dependem das crenças em que acreditamos, consciente ou inconscientemente.
Terceira etapa – a oração e o orar.
A oração desempenha um papel fundamental em nossa vida, permitindo que, através dela, entremos em contato íntimo e profundo com Deus.
Uma das qualidades da oração é forçar, em nosso íntimo, a nossa subida às regiões superiores de nós mesmos, de onde projetamos as nossas melhores forças para Deus e recebemos, em resposta, as melhores forças de Deus, segundo nossas capacidades e méritos.
O ato de orar nos leva à um intercâmbio constante com Deus, abrindo infinitas possibilidades aos nosso crescimento e sucesso.
Com a nossa mente conectada à Mente Divina, superaremos qualquer obstáculo, conquistando nossos objetivos, realizando nossos sonhos, concretizando os nossos ideais...
Fazendo da oração um hábito diário, estaremos orientando nossa mente e os nossos pensamentos para o Mais Alto, o que nos garantirá o equilíbrio e a estabilidade interior para mudar nossas crenças negativas e alcançar o êxito em todos os nossos empreendimentos.
Quarta etapa – o trabalho e o trabalhar.
Em nossa mente idealizamos os sonhos mais belos e os projetos mais sublimes... O trabalho é o responsável pela sua concretização! É, portanto, através do trabalho que transformamos nossa realidade exterior, imprimindo nossas obras no mundo. O trabalho e os seus resultados constituem a nossa medida.
O verbo trabalhar deve ser conjugado em todos os modos e tempos possíveis, para que sua ação seja pródiga em benefícios pessoais e coletivos.
A enxada que não é utilizada com muita frequência, acaba enferrujando.
Os músculos que não são exercitados regularmente, correm o risco de atrofiar.
A semente que não é plantada, não tem chance de se transformar na árvore que poderia ser.
Assim, o trabalho e o trabalhar são essenciais em tudo, sendo sinônimos de ação, movimento, crescimento, aperfeiçoamento, elevação... Nada se constrói sem eles.
A cultura, a ciência, a tecnologia, a arquitetura, os sistemas de informática, os meios de comunicação, os transportes, as megalópoles, etc, somente são possíveis em razão dos poderes criativos do homem expressos mediante o seu trabalho.
A mente equilibrada, os pensamentos em ordem, as crenças positivas adotadas e a oração transformada em hábito refletir-se-ão diretamente sobre a nossa ação produtiva, melhorando a sua qualidade e a sua intensidade, fomentando a nossa realização e o nosso sucesso.
1Mateus, 6:33.
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